Quando se mudou para Portugal, há quatro anos, o ator Pedro Cardoso percebeu que o novo país não oferecia algumas facilidades encontradas por aqui. Para um ator reconhecido pelo trabalho na televisão, não seria estranho afirmar que os serviços domésticos de seu lar eram feitos por pessoas contratadas. Deixar seu país natal, para ele, foi uma revolução em sua vida. “O Brasil é um país tão pobre que sempre tem alguém mais pobre que é pago para limpar a casa.”

Ao chegar em Portugal, o ator ficou surpreso que a tradição de uma família ter empregados domésticos não fazia muito sentido por lá. “É moralmente deselegante. No Brasil, é comum a cena do casal rico caminhando pela Avenida Paulista enquanto a babá empurra o carrinho de bebê.” A solução foi pendurar o pano de prato no ombro e botar a mão na louça suja, arrumar a cama, lavar a roupa. “Percebi que as mulheres sul-americanas recebem instrução desde criança, mas os homens não. Todos os dias, gasto três horas para cuidar da casa. Tudo isso me faz respeitar ainda mais as mulheres.”

A agenda doméstica também molda a relação com Graziella, sua mulher. “Quando queremos ir ao cinema, eu vou em uma sessão e ela vai em outra, para que alguém fique com as crianças.” Hoje em dia, ele sente sua vida mais segura quando abre a gaveta e conta quantas cuecas estão lá. “O Brasil está sendo governado por pessoas que não sabem quantas cuecas limpas têm na gaveta.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.