Há poucas coisas em minha vida que me alegram tanto quanto o espaço de troca que cultivo aqui nesta coluna. É um contato semanal que tenho com leitores de jornais impressos e digitais do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rondônia, Roraima, Tocantins, Estados Unidos e Canadá. Conversa que começa com o texto enviado e continua durante a semana inteira com o contato dos leitores que me acham no e-mail e nas redes. Espaço precioso de falar e ouvir.

No entanto, há semanas em que algumas mensagens ficam sem respostas. Não por falta de tempo, ou interesse. O tempo é curto, mas é administrável, é governado pelo desejo. O interesse é grande, é presente, divide com o tempo o mesmo governador. Ambos são elásticos. Que bom. Mas elas – as respostas – essas têm limites. E por vezes, precisamos lidar com a falta delas.

E lidar com as não respostas é lidar também com o não saber, certo? Meu exercício sempre foi o de trocar um pelo outro. Responder sempre, ainda que com um “não sei o que dizer”. De uns tempos para cá, tenho me permitido uma certa ausência. Tenho me permitido mais tempo. O tempo do interesse verdadeiro. Nossa urgência em responder à demanda do outro muitas vezes nos atrapalha (conversamos sobre isso na semana passada, lembram?) e atrapalha o outro também.

Tudo isso para contar um caso que me ocorreu ontem mesmo. Era o retorno a um e-mail do dia 2 de fevereiro que ficou parado na minha caixa de rascunhos. Vinha pensando sobre ele desde então. Ontem, logo depois de acordar, me coloquei a escrevê-lo. Ainda estava no “Olá caro Fernando”, (Fernando que, naturalmente, autorizou este comentário) quando vi pular na caixa de entrada uma nova mensagem que tinha como remetente meu futuro destinatário. Ele dizia: Roberta, estive aqui pensando em sua resposta silenciosa e…

Meu fazer na clínica me convoca diariamente às respostas silenciosas. Mais do que isso, aos silêncios que abrem espaço para que novas questões surjam. Sempre estive mais interessada em ampliar, amplificar, expandir. A troca que nos propomos aqui não é clínica, não é análise o que praticamos em nossas mensagens que vem e vão. Mas é lindo perceber que, para além da análise, há espaço para andarmos juntos no desejo de crescer nos questionamentos, de mergulhar mais fundo. Que bom nos ver dando conta das faltas. Fernando, obrigada.

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