A CCR – empresa de concessão de rodovias, aeroportos e barcas, dona da concessionária Rodonorte, que administra trecho do Anel da Integração entre Curitiba e Londrina, irá financiar delações de quinze de seus ex-executivos, para que relatem ao Ministério Público Federal do Paraná e ao Ministério Público do Estado de São Paulo ilícitos cometidos pela empresa. A empresa se dispôs a pagar 71 milhões de reais para os delatores – o que representará, em média, um desembolso mensal de 78 mil reais para cada um durante cinco anos. O caso inédito entre companhias de capital aberto envolvidas em escândalos de corrupção que resultaram em acordos de leniência foi revelado pela Revista Piauí.

Decisão hoje
De acordo com informações apuradas pela revista, a proposta final de financiamento dos delatores foi aprovada na reunião do Conselho de Administração da companhia, no dia 19 de fevereiro. O plano, que irá para votação na assembleia dos acionistas hoje (22), enfrenta grande resistência dos acionistas minoritários, que se sentem prejudicados. “Ao remunerar os corruptores para delatar, a CCR está premiando o crime”, disse Mauro Cunha, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais, a Amec.

Há limites
O contrato deixa claro que há limites sobre o que os delatores vão contar aos promotores. Destaca que “o colaborador, caso seja obrigado a divulgar Assuntos Confidenciais, compromete-se a fornecer apenas a parte que é legalmente exigida e a empreender todos os esforços razoáveis para obter garantias confiáveis de que o tratamento confidencial será dado a tais Assuntos Confidenciais”. Além disso, os delatores se comprometem a “não fazer declarações públicas a quaisquer terceiros, tais como veículos de mídia e impressa, investidores e analistas de mercado, bem como a quaisquer pessoas físicas ou jurídicas (…) que sejam prejudiciais à Companhia e às sociedades pertencentes ao grupo CCR ou à reputação de seus executivos e empregados”.

Explica conta da água
O presidente da Sanepar, Cláudio Stábile, e o presidente da Agência Reguladora do Paraná (Agepar), Omar Akel, devem prestar esclarecimentos amanhã (23) na Assembleia Legislativa sobre o aumento na tarifa de água e esgoto solicitada pela Sanepar e homologada pela Agepar. O índice de aumento é de 12,13%. No ano passado, o reajuste tinha ficado em 5,12%. O pedido de correção deste ano foi encaminhado à Agepar em março. Segundo a Agência, o aumento aprovado é composto pelo reajuste da tarifa e também pela aplicação de parcela do valor previsto na homologação da chamada ‘Revisão Tarifária Periódica’, em 2017. Naquela oportunidade, a Agepar chegou a definir aumento de mais de 25% para tarifa de água e esgoto, escalonado em oito anos. A justificativa era a defasagem provocada pelo congelamento da tarifa de água, entre 2005 e 2010, durante a gestão de Roberto Requião (MDB). Em seis anos da gestão Beto Richa (PSDB), entre 2011 e 2017, o reajuste foi de 123,96% – acima da inflação do período, que ficou em 47,49%.

Caça alvará
Um projeto que regula a cassação do alvará de funcionamento a quem for flagrado comercializando produtos de origem criminosa deve ser votado hoje na Câmara de Curitiba. De acordo com o projeto, a cassação acontecerá “quando o estabelecimento comercial ou empresa licenciada for flagrado comercializando, adquirindo, transportando, estocando ou revendendo produtos oriundos de ações criminosas como furto, roubo ou outros tipos ilícitos penais”.

Vota aposentadoria de ex-governadores
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim das aposentadorias para ex-governadores estará na pauta de discussões dos deputados nesta semana. A comissão especial onde a proposta tramita atualmente deve se manifestar hoje (22) sobre a admissibilidade.