BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta quarta-feira (12) que a relação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) com o ministro Sergio Moro (Justiça) é de “sã camaradagem e confiança”.


Esta é a primeira manifestação do presidente sobre Moro a respeito do vazamento de mensagens trocadas por ele com o procurador Deltan Dallagnol, no domingo (9).


“Não apenas com ele, mas relacionando-se com todos os ministros do governo num ambiente de sã camaradagem e confiança”, respondeu Rêgo Barros ao ser questionado sobre o caso de Moro. 


O general foi perguntando se o vazamento de conversas entre o ex-juiz da Lava Jato e o procurador da operação poderiam afetar uma possível indicação do ministro ao STF (Supremo Tribunal Federal). Bolsonaro disse recentemente que pretende indicar Moro para a corte. 


“Seria prematuro nós avançarmos qualquer comentário com relação a esse assunto porque evidentemente isso está por demais longe no nosso horizonte e qualquer ilação não contribuiria para a serenidade tão importante neste momento do governo.”


O titular da Justiça foi recebido em um almoço por Bolsonaro no Palácio do Planalto nesta quarta junto do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. 


De acordo com o porta-voz, foram tratados no encontro dois assuntos: “o vazamento das supostas mensagens e informações e a possibilidade de reforçar o trabalho da Polícia Federal com relação ao atentado que o presidente sofreu em 6 de setembro”, disse. 


Ainda sobre o caso de Moro, Rêgo Barros disse que o presidente acompanha o caso “com a serenidade que deve ser natural a um chefe de poder e em especial ao chefe do poder Executivo”.


O vazamento de mensagens de Moro e de outras pessoas que atuaram na Lava Jato é alvo de ao menos quatro investigações conduzidas pela PF. 


A conduta do ministro como então juiz da Lava Jato tornou-se alvo de discussões após o site The Intercept Brasil ter publicado no domingo conversas em que ele troca colaborações com Dallagnol sobre a Lava Jato.


Moro, que hoje é ministro da Justiça do governo Bolsonaro, foi o magistrado à frente da operação em Curitiba. Ele deixou a função ao aceitar o convite do presidente, em novembro, após a eleição. O site informou que obteve o material de uma fonte anônima, que pediu sigilo. O pacote inclui mensagens privadas e de grupos da força-tarefa no aplicativo Telegram, de 2015 a 2018.


Desde que o conteúdo foi publicado, Bolsonaro ainda não havia comentado o caso e chegou encerrar abruptamente uma entrevista, na terça, quando foi questionado sobre o tema. 


Filhos e familiares do presidente vêm defendendo Moro e falam em “ação orquestrada” contra ele e contra a Lava Jato.


Para minimizar as críticas, Moro se apresentou voluntariamente para prestar esclarecimentos ao Senado na próxima semana para evitar ser convocado.