LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – O novo A330-900 neo da TAP chega nesta quarta-feira (20) ao Brasil, vindo de Lisboa. A parada no Rio de Janeiro é a segunda de uma turnê por 16 cidades, que terá 150 horas de voo para testes finais, sem passageiros, realizada em conjunto com a fabricante do modelo, a Airbus.

Antes, nesta terça (19), a reportagem embarcou no voo de estreia da unidade, entre a pista da sede da Airbus, em Toulouse (França), e o aeroporto Humberto Delgado, na capital portuguesa.

A unidade é a primeira de 21 encomendadas pela TAP, que será a primeira aérea a operar o A330-900 neo.

A entrega definitiva está prevista para outubro e o voo comercial inaugural ainda é segredo. No entanto, a rota entre Brasil e Portugal, que representa 25% do faturamento da empresa, é sempre uma boa aposta.

O A330-900 neo oferece 287 assentos na configuração típica, com classe executiva e econômica, como a adotada pela TAP. São 10 a mais que o A330-300, modelo que substituirá. Cabines de alta densidade podem levar até 440.

Com o motor Rolls-Royce Trent 7000 e melhorias aerodinâmicas nas asas, a Airbus também promete uma redução de 25% no consumo de combustível por assento nos neo em relação à geração anterior. As modificações também cresceram a capacidade de voo para 13 mil e 15 mil quilômetros.

Por dentro do novo avião O A330-900 neo também faz a estreia da cabine Airspace. A reportagem verificou que o compartimento superior tem espaço para uma ou duas bagagens de mão a mais por seção e uma redução do ruído a bordo, na comparação com modelos anteriores.

Embora tenha o mesmo comprimento do A330-300, o 900 neo melhorou a disposição e o formato das poltronas. Uma pessoa de 1,70 m encontrou um ajuste confortável para pernas e joelhos, mesmo nas temidas poltronas centrais da econômica. No entanto, o espaço lateral nessas áreas deve continuar sendo um desafio a enfrentar em voo lotados.

A classe executiva mantém o padrão do A350, que oferece boa privacidade, com espaços bem individualizados, mas sem a sensação de aperto. A nova iluminação da cabine, com variedade de tons e fachos indiretos, parece mais discreta e até menos presente do que nas fotos iniciais divulgadas pela fabricante. No entanto, o voo diurno e as janelas abertas podem ter prejudicado a percepção do recurso.

O voo no qual a reportagem embarcou já tinha tripulantes e os padrões de acabamento da TAP, mas alguns ajustes ainda estão previstos. A mesa e os computadores, onde engenheiros fazem coleta de dados, que ocupa parte do centro da classe econômica por exemplo, ainda precisam ser removidos.

Além da TAP, Air Asia, Irã Air e Delta, entre outras, também têm encomendas e estão na fila para receber unidades do A330-900 neo, assim como a empresa de leasing Avalon, por onde virão as da brasileira Azul, que renovará suas rotas para os EUA. No entanto, a nova geração da aeronave é essencial para a estratégia de expansão da área portuguesa.

“Permite-nos continuar a afirmar Portugal como hub Atlântico do transporte aéreo e a TAP como um player relevante entre a Europa, África e as Américas”, disse à reportagem Antonolado Neves, presidente da TAP.

Voando hoje para mais de 80 cidades, a empresa espera abrir oito novos destinos por ano nos próximos cinco anos, chegando a entre 120 e 130 cidades.

“Sabemos que Portugal pode crescer ainda mais e esse investimento também contribui para o crescimento econômico e o desenvolvimento do turismo no nosso país. Cada A330-900 neo gera cerca de 600 empregos. Nós contratamos mais de mil pessoas e planejamos contratar mais 1.500 nos próximos três anos”, diz Neves.

Aeroporto de Lisboa precisa mudar A capacidade do aeroporto de Lisboa, porém, ainda impõem entraves ao crescimento. O próprio voo que levou os convidados até o sul da França para encontrar o A330-900 neo saiu com quase 30 minutos atraso. Segundo a torre, devido ao excesso de partidas na manhã de terça.

O presidente da TAP afirmou que a empresa vai encomendar um estudo sobre a otimização do aeroporto de Lisboa a uma empresa internacional, com resultados “em quatro ou cinco meses”.

“O principal é aumentar a capacidade de processamento de passageiros. A TAP, por ser uma empresa privada, tem facilidade em contratar o estudo, mas vamos fazer isso em conjunto, a oito mãos, dadas as aspirações da TAP e as necessidades de investimento”, disse Neves.

O tom conciliador não é por acaso. Desde a abertura de capital, o controle da TAP é dividido em 50% do governo de Portugal, 45% do consórcio da Atlantic Gateway e 5% de seus trabalhadores. Representantes das quatro partes estavam presentes no voo teste.

Rival da Boeing A Airbus trabalha ainda no desenvolvimento do A330-800 neo, previsto para 2019. Um pouco menor, o modelo entrará no lugar do A330-200, crescendo também em dez assentos, de 247 para 257. 

Os A330 neo surgiram como uma opção mais em conta de aeronave com corpo moderno e capacidade pouco inferior ao A350XWB, mas que pode voar mais longe e tem um consumo menor. Uma resposta da Airbus à rival Boeing, que renovou o famoso 777 para rotas longas e posicionou o 787 para médias e longas, modelo que também se destaca pela economia, ainda que tenha apresentado problemas no lançamento.

“Temos a vantagem de oferecer uma família de aviões já consolidadas, construída a partir dos sucesso e da experiência do A350”, afirma Crawford Hamilton, chefe de Marketing de Produto para o A330.

*O jornalista viajou a convite da TAP.