Divulgação/ Flamengo

Comecemos pela boa noticia.

Pela segunda vez em menos de uma semana, o Atlético Paranaense silenciou o Maracanã. Após eliminar o Fluminense da Copa Sul-Americana na quarta-feira, o adversário na tarde deste sábado (1º de dezembro) foi o  Flamengo, vice-campeão brasileiro. E com uma equipe repleta de jogadores considerados reservas, o Furacão jogou água no chopp dos mais de 66 mil torcedores presentes no estádio (que registrou o recorde de público dentro da competição no jogo de hoje). O zagueiro Rhodolfo chegou a abrir o placar para os cariocas no primeiro tempo, mas Matheus Rossetto e Rony garantiram a virada paranaense na etapa final.

Agora, a má notícia.

Apesar do resultado histórico, o Atlético não tem vaga garantida na próxima Copa Libertadores. O clube torcia por um tropeço do Atlético-MG contra o Botafogo na rodada derradeira para entrar no G6 do Brasileirão, que dá vaga na Pré-Libertadores do próximo ano. O Galo, porém, venceu o time da Estrela Solitária no Estádio Independência por 1 a 0.

Assim, o Furacão termina o Campeonato Brasileiro na 7ª colocação com 57 pontos, dois atrás do xará mineiro. Para se garantir na mais importante competição da América do Sul em 2019 o time paranaense precisa vencer a final da Copa Sul-Americana, contra o Junior Barranquilla, da Colômbia. A primeira partida será nesta quarta-feira, no Estádio Metropolitano de Barranquilla. Já a grande decisão será disputada na outra quarta-feira (12 de dezembro) na Arena da Baixada.

Logística

O rubro-negro paranaense volta para Curitiba na noite de hoje, em um voo fretado – a tendência é que a delegação atleticana chegue na Capital durante a madrugada. A viagem para a Colômbia será na segunda-feira.

 

Campanha memorável

Mesmo sem a vaga na Pré-Libertadores, há de se destacar que a campanha do Furacão no segundo semestre de 2018 é memorável (e isso independente de qualquer resultado na final da Sul-Americana).

Demitido no final de junho, Fernando Diniz deixou a equipe na vice-lanterna do Campeonato Brasileiro e com um aproveitamento pífio na temporada (34,9%, com cinco vitórias, sete empates e nove derrotas em 21 jogos).

Para espantar o fantasma do rebaixamento, a diretoria atleticana apostou em Tiago Nunes, técnico que havia levado o time sub-23 ao título do Campeonato Paranaense no 1º semestre. E acertou: hoje o treinador completou 35 jogos no comando do time principal atleticano, com 21 vitórias, sete empates e sete derrotas (aproveitamento de 66,7%, com 60 gols marcados e 26 sofridos). Antes vice-lanterna do Brasileirão, a equipe encerra a competição em sétimo lugar. E nas duas próximas semanas ainda disputa uma decisão continental.

Que temporada!

 

Escalações

Priorizando a final da Copa Sul-Americana, Tiago Nunes optou por mandar a campo uma equipe repleta de jogadores reservas. Dos 11 atletas considerados titulares, nove ficaram no banco. O único titular que começou jogando foi Marcelo Cirino, que teve passagem recente pelo próprio Flamengo. Já o lateral-direito Jonathan, com dores musculares, ficou de fora até do banco (ainda não se sabe, contudo, se foi apenas por precaução ou se ele preocupa para o jogo de quarta-feira). Já os meias Bruno Nazário e Guilherme seguem no Departamento Médico, enquanto o atacante Bérgson, que seria opção para o time titular no jogo de hoje, esteve suspenso por ter tomado o terceiro cartão amarelo.

O Flamengo, por sua vez, foi para o jogo derradeiro da temporada com força máxima. Com relação aos jogadores que começaram jogando na vitória contra o Cruzeiro na última rodada (2 a 0 no Mineirão), as únicas mudanças foram Piris da Motta e Lucas Paquetá nos lugares de Gustavo Cuéllar e Vitinho. Paquetá, inclusive, fazia sua despedida do clube que o revelou e o levou até a Seleção Brasileira. A partir do próximo ano, o jovem meia-atacante defenderá o Milan, da Itália.

O Jogo

Mesmo jogando com um time considerado reserva, o Atlético manteve o estilo de jogo, inclusive com a movimentação constante entre os pontas (Marcinho e Marcelo Cirino). A equipe chegou a ter 70% de posse de bola no começo da partida, mas aos poucos foi cedendo espaço para o adversário por conta de erros seguidos na saída de bola.

Pressionando alto e embalado pelo apoio dos mais de 66 mil torcedores presentes no Maracanã, o Flamengo não demorou a reagir e equilibrou o jogo. Aos 22 minutos, num lance de bola parada, o primeiro gol da partida, em cabeceio de Rhodolfo, zagueiro revelado pelo próprio Atlético.

Até o final da primeira etapa, foram os donos da casa que mandaram na partida. A desvantagem paranaense, inclusive, só não foi maior no intervalo porque o goleiro Felipe Alves, que havia falhado no primeiro gol, se redimiu aos 42, evitando um golaço de Everton Ribeiro.

A postura do time visitante, contudo, mudou na etapa final. E Tiago Nunes, nome do time na temporada (e na partida), foi ousado. Aos 18 minutos, sacou o lateral-direito Diego Ferreira e promoveu a entrada de Lucho González. Em seu primeiro lance, o gringo criou a jogada do gol de empate atleticano, que saiu aos 19 minutos dos pés de Matheus Rossetto.

O primeiro lance nasceu de uma linda jogada coletiva, uma jogada de videogame. E a virada, também. Márcio Azevedo fez boa jogada no ataque e acionou Lucho. O experiente jogador argentino assistiu Rony, que acertou um lindo chute na gaveta para virar o placar.

A partida ficou nervosa. E Willian Arão se descontrolou aos 37 minutos, agredindo vergonhosamente Rony. Cartão vermelho. Para não deixar o outro lado intacto, o árbitro forçou a expulsão também do autor do gol da virada atleticana, alegando que ele teria dado uma ombrada em Berrío. O técnico Dorival Júnior (que provavelmente fez sua despedida do Flamengo neste sábado) também foi expulso na sequência, por conta de insistentes reclamações.

Mas se as brigas foram muitas na reta final do jogo, chances de gol ficaram em falta. E no fim permaneceu o histórico 2 a 1 para os visitantes, que pela segunda vez em menos de uma semana silenciaram o Maracanã, vitimando agora o vice-campeão do Campeonato Brasileiro. Seria o Atlético Paranaense o campeão carioca de 2018?

 

FICHA TÉCNICA

Flamengo 1 x 2 Atlético-PR

Flamengo: César; Pará (Rodinei), Léo Duarte, Rhodolfo e Renê; Piris da Motta (Vitinho), Willian Arão, Everton Ribeiro (Orlando Berrío), Diego e Lucas Paquetá; Fernando Uribe. Técnico: Dorival Júnior
Atlético-PR: Felipe Alves; Diego Ferreira (Lucho González), Wanderson, Zé Ivaldo e Márcio Azevedo; Camacho (Bruno Guimarães), Matheus Rossetto e Wellington; Marcinho, Marcelo Cirino (Pablo) e Rony. Técnico: Tiago Nunes
Gols: Rhodolfo (22-1º), Matheus Rossetto (19-2º) e Rony (25-2º)
Cartões amarelos: Piris da Motta, Pará e Lucas Paquetá (F); Wellington (A)
Cartões vermelhos: Willian Arão e Rony (37-2º)
Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP)
Público: 66.046 total
Renda: R$ 697.255,00
Local: Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ), sábado (1º de dezembro) às 19 horas

 

PRINCIPAIS LANCES

Primeiro tempo

5 – Márcio Azevedo avança pela esquerda com liberdade e arrisca o chute cruzado de fora da área. César espalma e a zaga afasta o perigo da área no rebote.

22 – Gol do Flamengo! Cobrança de escanteio forte de Diego, para a segunda trave. Rhodolfo sobe mais alto que todo mundo e cabeceia de longe, forte. A bola bate na trave, resvala na mão do goleiro atleticano e entra no gol.

35 – Willian Arão se aproxima da linha de fundo e cruza. Lucas Paquetá disputa com Diego Ferreira e a bola sobra para Uribe, dentro da pequena área, cabecear por cima do gol.

37 – Diego recebe na esquerda, corta para o meio e chuta colocado. A bola passa ao lado do gol.

40 – Lucas Paquetá toca entre as pernas de Diego Ferreira para a passagem de Renê. O lateral cruza com perigo para Uribe, mas Wanderson se antecipa e salva.

42 – Cruzamento rasteiro de Lucas Paquetá. Diego faz o corta-luz, Márcio Azevedo fura e Everton Ribeiro, livre, chuta colocado de dentro da área. Felipe Alves se estica todo e tira com a ponta dos dedos.

Segundo tempo

4 – César sai jogando errado e entrega para Rony na intermediária. O atacante avança e bate colocado de fora da área, por cima do gol.

18 – Rossetto passa para Marcinho, que vê a passagem de Rony e toca para o atacante chegar batendo da intermediária. A bola passa ao lado do gol, com perigo.

19 – Gol do Atlético! Uribe sai jogando errado no meio de campo. Lucho González faz o desarme.

24 – Cruzamento de Renê. Willian Arão escora e a bola sobra para Uribe, que domina tirando a marcação de Márcio Azevedo e, de frente para o gol, chuta para fora.

25 – Gol do Atlético! Contra ataque de manual! Márcio Azevedo recupera a bola na defesa e toca para Lucho. A bola chega em Rony na esquerda, que ajeita e chuta. Uma bomba que morre na gaveta. Golaço!

34 – Willian Arão arrisca um chute muito forte de longe. A bola chega a balançar a rede, mas pelo lado de fora. Muitos torcedores comemoraram gol.

36 – Vitinho recebe de Diego dentro da área e bate colocado, no canto oposto. Felipe Alves espalma e manda a bola para escanteio.