Sora Shimazaki no Pexels – Ser apresentado sempre como “o responsável” pode criar uma obsessão por ser perfeccionista e nunca atingir um estado ideal.

Imagine uma entrevista de emprego em que é pedido para o candidato citar uma virtude e um defeito. Prontamente essa pessoa descreve-se “responsável” como uma característica positiva e “perfeccionista” como negativa.

Imagine agora que na condição do avaliador, responsável seria pré-requisito e dizer que perfeccionismo é defeito, pode soar como vaidade. 

Responsabilidade pode ser definida como o ato de assumir as causas e consequências perante algo ou alguém. E aqui é perceptível ação sujeita a uma certa autoridade para julgar se houve ou não a infração.

E no dicionário, há a definição de que responsável é aquele que deve prestar contas às autoridades. E aí que se faz o corte cirúrgico sobre olhar a responsabilidade como um jogo pesado, ao definir uma criança, um companheiro, um funcionário como um ser responsável. Isso pode agregar como “o exemplo, o modelo”, a ser seguido e começa então, a obsessão em ser perfeito!

Negação do prazer –  Não ser a tal pessoa responsável, não implica que ela seja irresponsável. É apenas uma forma mais absorta de autoria, mas sem a necessidade de se reportar a essa autoridade moral. Pois o jogo da responsabilidade, palavrinha aliás demasiada usada nas ferramentas motivacionais, coloca a pessoa numa carreira solo de carregar as mazelas, de ser um protótipo ideal. Mas é o ideal dessa pessoa?

Nisso, a forma do tal perfeccionista começa a tomar corpo e invariavelmente ele vai negando prazer e recalcando sua agressividade. Tudo que faz precisa estar em ordem, numa ordem pré-estabelecida ou estabelecida por ele dentro do padrão ou então acontecer o contrário, se paralisar, porque o “grilo falante mental” é seu pior crítico, e qualquer experiência já precisa nascer pronta, perfeita.

Entre inúmeras dissociações emocionais dos chamados responsáveis, a tensão é algo intrínseco, pois se olham sempre com olhar crítico e nos momentos em que podem relaxar, usam esse tempo para preencher em atividades que julgam ser importantes. Sabe aquela pessoa que fala “eu não sei descansar” – identificou? Para ela o descanso e o ócio, mesmo em pequena escala, levam à zona de culpa. Mais uma pequena negação de prazer.

Autorresponsabilidade – O conceito de que autorresponsabilidade é a capacidade de aceitarmos que somos os únicos responsáveis pela nossa vida, tanto nos eventos ruins quanto os bons, pode ser uma forma de nos jogar para a cabine do perfeccionismo. Se eu causo tudo para mim, se eu crio tudo para mim, preciso fazer sem margem de erros.

Esse impacto pode ser minimizado na educação. Em vez de apresentar como característica de personalidade que seu filho, companheiro, sócio, funcionário é “super responsável”, podemos dizer que ele é eficaz, criativo, confiável, termos mais leves e que não gerem esse berço do perfeccionismo, que é uma ilusão gananciosa.

A vida não é meta de vendas de ser melhor…é melhorar vivendo!

*Ronise Vilela é criativa de conteúdos de Comunicação Afetiva e Terapeuta.

Essa coluna tem o apoio da Consonare, maior plataforma de terapias integrativas da América Latina.

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