Fotomontagem: Tita Blister

Passados 35 dias das eleições presidenciais, movidas basicamente pelo trator das redes sociais e muita fake news, o saldo mais difícil de contabilizar foi o das relações interpessoais. Opinar, rebater, comentar, replicar nos colocou em xeque por vários momentos e todos, creio, absolutamente importantes para o debate, o cerco e o crescimento, porém, ultra amplificado pelo poder dessa ferramenta chamada rede social. Num ambiente onde se dá vez e voz para quem quiser, o embate é inevitável, mas as ditas bolhas estouraram, não há ilesos nessa faixa de gaza digital.

Familiares, amigos e conhecidos virtuais se embrenharam em bate-bocas públicos, de configurações privadas ou ali no cantinho do inbox. Houve o nocaute elegante do modo soneca, os blocks e a degola sem dó nem piedade, como uma Rainha de Copas em forma de algorítimos. Mas a dor no coração em alguns casos ainda está em cicatrização, mas por quê?

“Soltaram os monstros” – Essa foi a fala do humorista Miau Carraro, que ainda se diz “um treteiro das redes”. Para ele, o início das eleições as discussões não se inflamaram, embora já houvesse uma sinalização de farpas pela tendência de uma polarização. “As pessoas colocaram pra fora seus lados mais sinistros. Isso gerou vários tipos de decepção. Foi o fim de amizades, briga entre parentes e até casais. Perdi vários amigos neste trajeto. Inclusive pessoas que eu gostava muito”, completou. O jornalista Maximilian Santos é taxativo “cada um achou sua turma nessas eleições”. Mas aí lanço a reflexão: Não somos mais (ou nunca fomos) capazes de conviver com opiniões e posturas diferentes?

“As redes sociais se tornaram tóxicas, e é importante cada um saber utilizar as suas redes e ter as pessoas corretas em cada uma, conforme contato e tipos de relacionamentos na vida!" concluiu Maximilian.

Uns falam em queda de máscaras, hora da verdade, distâncias e afins. Na minha percepção ficou algo com alguma clareza: as relações são naturalmente cíclicas. Ela rompem, se dissolvem  ou pausam em alguns casos. Entretanto, sob a cumplicidade de uma pauta política se revela a bancada da falsidade, da moralidade (tradicional ou hipócrita), dos corações partidos, mas também daqueles que buscam por justiça e amorosidade. Lidemos com o nosso amigo desnudo, ou ex. E se não é mais…next!