Luiz Costa

Moradora da Rua Francisco Alves Guimarães e proprietária de um brechó na Avenida Presidente Affonso Camargo, quase esquina com a Rua José da Alencar, a comerciante Ivete de Oliveira, 40 anos, perdeu a conta do número de vezes que foi assaltada em sua loja ou a caminho de casa.

Desde janeiro deste ano, ela diz que se sente mais segura ao percorrer os cerca de 600 metros entre os dois endereços no Cristo Rei. “Tudo mudou com a inauguração do Restaurante Popular do Capanema. Agora temos mais segurança, posso passear com minha cachorrinha, a Mel, e não passo mais por gente dormindo ou usando drogas embaixo do viaduto”, conta Ivete, que vive há 14 anos na região. 

Assim como a dona do brechó na Affonso Camargo, outros moradores e comerciantes da área próxima ao Restaurante Popular do Capanema viram a região renascer com a inauguração da unidade da Prefeitura no começo deste ano, que ganhou ainda um posto da Guarda Municipal e um espaço de atendimento da Fundação de Ação Social (FAS). 

“Agora, posso fazer minhas compras no Mercado Municipal sem me preocupar em ser roubado no retorno para casa”, conta o aposentado Antônio Siqueira, 65 anos, morador da Rua Atílio Bório há 20 anos. Ele recorda que chegou a ser assaltado três vezes na região. “Com os guardas municipais aqui, eu e outros moradores ficamos mais tranquilos”, reforça.

Gerente de um hotel na esquina da Rua Ubaldino do Amaral com Avenida Affonso Camargo, Sônia Maria Geniaki, 58 anos, garante que a reabertura do Restaurante Popular do Capanema melhorou o movimento do estabelecimento, que fica ao lado da entrada da unidade da Prefeitura. “Muitos hóspedes acabavam não voltando por conta da situação precária, com usuários de drogas vivendo sob o viaduto e também embaixo das marquises dos prédios e comércio ao redor. Quem voltou agora ficou muito impressionado com a melhoria do entorno do restaurante”, diz ela.

Pedido
“Espero que não feche nunca mais.” O pedido foi feito pela chef pâtisserie Ana Paula Cruz, 47 anos, que mora há 26 anos no Cristo Rei. Ela relata que chegou ao bairro poucos meses antes da abertura do primeiro restaurante do Capanema, em 1993. “Fiquei muito triste quando ele foi fechado, pois além de oferecer uma refeição barata também mantinha a região bem cuidada”, lembra ela, em relação a unidade que existiu até o ano 2000. Inaugurado na primeira gestão de Rafael Greca como prefeito, o primeiro restaurante popular sob o Viaduto do Capanema foi uma proposta pioneira nacionalmente de oferecer refeições de qualidade, na época a R$ 1.

Funcionário de um flat na Rua José da Alencar, de frente para a saída do Restaurante do Capanema, Vilmar Pereira, 59 anos, chega cedinho, há nove anos, no trabalho e garante que agora está muito mais seguro transitar pela região. “Cansei de ver pessoas correndo pedindo ajuda, pois tiveram a carteira ou bolsa roubadas. Tudo ficou muito mais tranquilo com a chegada do restaurante e da guarda municipal, sem falar que não tem mais sujeira ao redor do restaurante e no nosso prédio”, observa ele, que almoça duas vezes por semana na unidade do Capanema.

Programa
Os cinco restaurantes populares (Matriz, Sítio Cercado, CIC/Fazendinha, Pinheirinho e Capanema) são administrados pela Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Smab) e têm como missão garantir uma alimentação saudável a preços mais baixos. As unidades são frequentadas, diariamente, por 4,7 mil pessoas, que têm acesso a um cardápio balanceado, a R$ 2, incluindo sobremesa. Os locais ficam abertos para almoço de segunda a sexta-feira, das 11h às 14h. “O cardápio muda todo dia e é formado sempre por seis itens selecionados pelas nutricionistas da prefeitura, como arroz, feijão, carne, um acompanhamento, salada e sobremesa”, explica Luiz Gusi, secretário municipal de Agricultura e Abastecimento.