O mercado aéreo global perdeu a forte tendência de retomada e começou a andar de lado em outubro, deixando em alerta a equipe da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). Segundo Brian Pearce, economista-chefe da associação, a demanda do mercado doméstico global fechou outubro deste ano com queda de cerca de 40% na comparação ao registrado em igual mês de 2020.

A retomada, entretanto, desacelerou-se. De agosto para setembro, o porcentual migrou de 50,7% de queda na comparação anual para 43,3% de queda. “Ainda estamos no túnel para sairmos da crise e temos um caminho para percorrer”, disse Pearce, durante coletiva com jornalistas na manhã desta terça-feira.

No lado internacional, o mercado segue complexo e a demanda está 88% abaixo do registrado em outubro de 2019. Em setembro, a queda havia sido de 88,8%, mostrando estabilidade. “Estamos pelo terceiro mês seguido com o mercado internacional parado”, disse Pearce.

O cenário melhor para o mercado doméstico também se reflete na taxa de ocupação das aeronaves, que estão acima de 70%, favorecendo mercados como a China. No internacional, a ocupação ficou abaixo de 43%, segundo Pearce. Ele reforçou a ocupação de outubro representou uma piora ante o que foi registrado no mês anterior.

“A maioria dos mercados internacionais continua fraco. Há uma recuperação que estamos vendo na América do Norte e Central. Infelizmente é um mercado relativamente pequeno e não tem tanto impacto sobre a indústria total”, disse o economista, destacando que alguns países da região não estão impondo quarentena, o que incentiva as viagens.

A maior dúvida agora é quando as sinalizações para a vacina surtirão efeito sobre a intenção de voar. “Vemos hoje que o anúncio de que vamos ter vacinas disponíveis trouxe um pequeno crescimento na busca por passagens, mas nada comparável com o que tínhamos antes”, disse.

A curva de reservas para viagens dentro da Europa entre 15 de dezembro e 10 de janeiro está 80% abaixo do que era um ano antes. Segundo ele, o efeito das vacinas tende a chegar mais forte ao setor apenas no segundo semestre de 2021. “Enquanto isso vai ser um inverno (no hemisfério norte) muito difícil para as aéreas. Vamos precisar de ajuda dos governos para estimular o mercado”, defendeu.