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NAPOLEÃO DE ALMEIDA

CURITIBA, PR (UOL/FOLHAPRESS) – Já se ensaiavam vaias no Couto Pereira na última sexta-feira (27) quando Kady acertou uma pancada de fora da área e empatou o jogo com o Criciúma, aliviando a pressão no Coritiba, que ainda iria virar o placar para 2 a 1.

Na comemoração, uma imagem emblemática: de braços abertos, Kady celebrou com a torcida um gol que, para ele, marcou a chance de dar a volta por cima no clube que o revelou.

Kady fez o mesmo caminho que outros craques da história do clube, como Tcheco e, principalmente, Alex. Nascido em Curitiba, começou no futsal, na AABB, até ser levado ao Coxa.

"Estava com 13 anos quando fui indicado pelo João Carlos, meu treinador de futsal, para fazer um teste. Passei no teste e estou até hoje nesse clube maravilhoso", contou à reportagem, ressaltando que foi da arquibancada ao campo. Foi como torcedor que celebrou a volta de Alex ao clube, ainda com 17 anos.

COMEÇO NO CLUBE

Há dois anos, Kady sofreu a decepção de ver o título da Copa do Brasil escapar das mãos do clube na final contra o Vasco. Dali, mirou seu objetivo: "Aquele sentimento de querer estar ali dentro é único", contou. Quando teve a chance, acabou sofrendo justamente na mesma competição.

"Eu subi no meio de 2016, tive a oportunidade de treinar com o time principal e estar no elenco. Então fui para a pré-temporada em 2017 com o elenco, foi muito bom pro meu crescimento. Pude aprender bastante. Veio minha oportunidade de ser titular na Copa do Brasil e fomos eliminados pelo ASA dentro de casa. Dali em diante em conversas com meu empresário [Gianfranco Petruzziello] resolvemos que seria bom ser emprestado."

Kady foi ao Londrina, mas ficou pouco tempo. "Voltei no meio da Série A, que o Coritiba estava disputando, e de novo fui emprestado para o Foz, para jogar o sub-23. Foi uma das coisas mais importantes que aconteceu na minha carreira, tive oportunidade de viver outra realidade. Jogamos a Taça FPF sub-23 e perdemos nas quartas-de-final."

Sem espaço no Coxa, viu o clube ser rebaixado para a Série B. No final do ano, eleições e uma mudança na política com a base.

"Mudou a diretoria e vieram com essa filosofia de usar a base, então tive a oportunidade de estar novamente na pré-temporada. O Paranaense foi a grande vitrine para nós, uma oportunidade para que pudéssemos nos firmar e ficar para o Brasileiro. Todo começo de algo diferente é difícil. Perdemos o Paranaense, mas na minha opinião serviu de muita experiência para todos nós, garotos. E vai ser muito produtivo para o clube daqui uns anos", projeta.

RESPONSABILIDADE

As derrotas no Estadual deixaram o ambiente difícil para os jogadores, pressionados por resultados. Kady acha que é algo natural. "Sempre vai existir cobrança em cima de nós, pela nossa história e pelo tamanho do Coritiba. Nós sabemos o que somos capazes de fazer dentro de campo, nem sempre vamos conseguir fazer uma boa partida, mas sempre o mais importante é sair com os 3 pontos", defende.

A pressão derrubou o ex-técnico Sandro Forner e então chegou Eduardo Baptista, que tem dado espaço à Kady.

"Não tinha trabalhado com o Eduardo ainda, estou conhecendo ele aos poucos, mas é um treinador que é muito competitivo, gosta do time organizado, gosta de ter um time com muita vontade e querendo ganhar as partidas. Claro que tem diferenças, mas não sei dizê-las", descreveu sobre as mudanças.

Agora, Kady mira o principal objetivo da temporada: retornar à elite do futebol brasileiro. "Temos que ser competitivos como a Série B exige. Na maioria das vezes teremos que ser os protagonistas do jogo e nossa qualidade vai aparecer se igualarmos a vontade com a do adversário. Nós sabemos que o lugar do Coritiba não é a Série B, sabemos das nossas responsabilidades e a importância que é tirar o clube dessa condição."