AMANDA NOGUEIRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O rapper Rincon Sapiência encerrou as atividades do palco Rap da Virada Cultural na noite deste domingo (20) com seu afro rap energético e letras carregadas de crítica social.

O cruzamento da rua Líbero Badaró e o largo de São Bento, no centro, ficou pequeno para a quantidade de público que foi ver o veterano versar a rimas rápidas e contundentes de seu aclamado álbum de estreia, “Galanga Livre”, lançado em 2017, após 17 anos de carreira.

Rincon subiu ao palco com uma hora de atraso, às 19h, para um show que duraria uma hora. “Salve, São Paulo, se a coisa ta preta a coisa ta boa!”, disse, dando início com ” A Coisa Ta Preta”.

Nascido e criado na Cohab 1, na região de Itaquera, Manicongo, como também é conhecido, une rap, ritmos afro-brasileiros e batidas eletrônicas e critica racismo e desigualdade social. Sua apresentação na Virada, no entanto, ganhou contornos de batidão de funk e teve clima de festa com faixas como “Amores às Escuras” e “Linhas de Soco”.

“Eu vou dizer ‘Fora’, vocês digam ‘Temer'”, puxou Rincon. Parte do largo São Bento, lotado, atendeu ao pedido e se manifestou contra o presidente.

Um dos pontos altos do show girou em torno da história que contorna o álbum, sobre um negro escravizado que se rebela contra o senhor de engenho. O rapper ganhou coro do público ao cantar “Crime Bárbaro” (“Escravos apoiam meu desempenho Foi eu que matei o senhor de engenho”) em um momento de catarse.

Rincon também mostrou malemolência com passinhos de dança que já viraram sua marca registrada e que são imitados pelos fãs, pulantes ao som da carnavalesca “Rei Momo”.

Nem tudo foi diversão. A reportagem presenciou uma tentativa de assalto e uma garota desmaiando. Ao fim do show, um homem foi espancado por seguranças após entrar acidentalmente na área frontal do palco, quando Rincon pedia para fazer uma selfie com os fãs. Pessoas que estavam próximas do ocorrido se revoltaram e conseguiram m fazer com que o homem retornasse sem outros ferimentos.