Por que abordar questões de gênero na escola seria importante?

Segundo estudiosos do tema, a abordagem educacional da temática de identidade de gênero pode colaborar com o combate a problemas como gravidez na adolescência, violência contra mulher, machismo e homofobia. Visa ainda fomentar uma escola plural, laica e que acolha as diferenças.

Quais críticas a essa abordagem?

Movimentos conservadores e religiosos denunciam um suposto estímulo a uma sexualização precoce e até mesmo uma propaganda à homossexualidade. Documentos da Igreja Católica associam essa discussão ao risco de destruição da família tradicional. Para defensores do Escola sem Partido, por exemplo, a escola não poderia expor conceitos que estariam em conflito com as convicções religiosas ou morais dos estudantes ou de seus pais.

O que preveem os projetos de Escola sem Partido?

As propostas preveem, em geral, a “neutralidade” dos professores, limitando que os docentes exponham sua opinião nas salas de aula e também não estimulem alunos à participação política. Haveria ainda canais para denúncias contra professores. Há projetos em trâmite no Congresso e em ao menos 97 Assembleias e Câmaras, segundo reportagem da revista Gênero e Número.

A doutrinação política é um problema nas escolas?

Não há pesquisador que defenda a doutrinação partidária na sala de aula. Hoje é impossível saber se há de fato um problema de doutrinação ideológica de âmbito político nas escolas. Educadores veem no Escola sem Partido uma tentativa de censura, além de risco de limitação do papel da escola na formação de alunos críticos.

Os livros didáticos promovem doutrinação política ou sexual?

As obras do Programa Nacional do Livro Didático são escolhidas por equipe do MEC e professores de universidades públicas. A partir de uma lista ampla, os professores e secretarias definem as obras adotadas nas escolas.

“Não conheço pesquisa embasada em dados que traga algum tipo de número sobre reclamações contra conteúdo de livros didáticos”, diz Silvia Panazzo, presidente da Associação Brasileira dos Autores de Livros Educativos.

Questões como gravidez na adolescência e homofobia são problemas nas escolas?

A Pesquisa Nacional sobre Estudantes LGBT e o Ambiente Escolar, de 2016, indica que 73% dos jovens entre 13 e 21 anos identificados LGBT foram agredidos verbalmente na escola em 2015 por causa da sua orientação sexual. É o maior índice entre outros cinco países da América Latina. Já a gravidez é o principal motivo de abandono escolar das meninas.

Machismo, homofobia, sexualidade e gravidez na adolescência são tratados na escola?

A abordagem desses temas depende de cada escola e professor. Cerca de 60% das escolas não trabalharam em 2015 com machismo e homofobia, por exemplo, segundo questionário respondido por diretores de escolas.

Por que especialistas defendem a inclusão da temática de gênero em planos de educação e na base nacional?

A ausência da previsão nesses documentos dificulta que redes de ensino e escolas possam criar programas de formação de professores. Esse preparo é necessário, segundo docentes, para tratar na sala de aula de questões levadas pelos alunos.