SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A escolha nas últimas semanas do araraquarense Ignácio de Loyola Brandão, 82 anos, para ocupar a cadeira número 11 da Academia Brasileira de Letras o tornou um imortal pela dimensão que atinge (ontem, hoje e sempre) a sua obra. Brandão se senta agora no lugar do sociólogo e cientista político Helio Jaguaribe, morto em setembro do ano passado, aos 95 anos.


A eleição de Ignácio de Loyola Brandão para a ABL não deixa de ser um ato político -como o é todo tipo de literatura, a despeito dos que a defendem com caráter puramente estético. Em tempos em que as liberdades e a diversidade são contestadas, seu principal livro, “Zero” (pode ser achado por R$ 10 em sebos), escrito durante a ditadura militar, torna-se ainda mais importante.


O romance, além de trazer nova estrutura, toda fragmentada, como se interagisse com o leitor o tempo todo, mostra um casal de protagonistas anti-heróis, retomando o estilo naturalista: Rosa e José têm desdém um pelo outro; enojam-se. Mas deixam-se levar por noites de prazer, em um cenário bizarro, cheio de aberrações. Trabalham no circo da cidade.


Resultado: o livro foi editado no Brasil em 1975 e proibido de circular no ano seguinte, por conteúdo considerado impróprio.