Arquivo/Agência Brasil – Grupo de mu00e9dicos cubanos chegando ao Brasil em 2013

O governo de Cuba anunciou, na última quarta-feira (14), o fim de sua participação do programa Mais Médicos no Brasil, após declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Em nota divulgada pelo Ministério da Saúde do país caribenho, a decisão é atribuída a questionamentos feitos pelo presidente eleito à qualificação dos médicos cubanos e à exigência de revalidação de diplomas no Brasil. A decisão afetará o atendimento da saúde no Paraná, já que o estado conta com o trabalho de 458 médicos do programa, distribuídos por 187 municípios e dois distritos sanitários indígenas, e aproximadamente metade deles é de origem cubana. 

A assessoria de imprensa do governo do Paraná informou que ainda não se pronunciará sobre a saída dos médicos porque não foi notificada oficialmente. O fato é que todos os 187 municípios atendidos pelo programa serão afetados pela decisão do governo cubano, uns menos outro mais.

A Prefeitura de Ponta Grossa, por exemplo, já anunciou que terá problemas e graves com a saída dos médicos cubanos. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) o município pode perder 75% dos médicos nos próximos dias, segundo a prefeitura já que 60 dos 80 profissionais do município são cubanos e devem voltar ao país de origem.De acordo com o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel (PSDB), a população vai enfrentar problemas. “A situação vai ficar muito complicada. Haverá muitas filas. Faremos um remanejamento na medida do possível”,  disse Rangel, em entrevista coletiva. O município estuda medidas para permitir a contratação emergencial de protissionais. 

Em Curitiba, a saída dos médicos cubanos terá menos impacto. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, dos  628 médicos do município, apenas 38 são do Programa Mais Médico. E apenas 4 são médicos cooperados de origem cubana. A Prefeitura também prefere ser notificada antes de se pronunciar. 

Também na quarta-feira (14), falando sobre a saída dos cubanos, Bolsonaro disse que o programa não vai acabar.

18 mil médicos
Um dos programas mais conhecidos na saúde, o Mais Médicos foi criado em 2013, na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para ampliar o número desses profissionais no interior do país. Cerca de 18 mil médicos atuam no programa – destes, 45% são brasileiros e 47% são cubanos, vindos ao Brasil por meio de cooperação com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). Os demais são intercambistas estrangeiros.

Profissionais devem começar a deixar o Brasil no dia 25 de novembro
Os médicos cubanos que atuam no Programa Mais Médicos devem começar a deixar o Brasil no dia 25 de novembro. A informação é do governo cubano, reunião da embaixada de Cuba em reunião com representantes do Conasems, conselho que reúne secretários municipais de saúde, e membros da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).
A saída deve ser gradativa, separada por regiões, mas deve ser concluída em 40 dias. Atualmente são 16.150 médicos que atuam no Mais Médicos, 8.332 são cubanos. O fim da participação dos médicos cubanos foi anunciado na quarta-feira.
Representantes da embaixada comunicaram os municípios que a decisão é “irrevogável”.