SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um avião Boeing 737 da Ethiopian Airlines caiu na Etiópia com 149 passageiros e oito tripulantes a bordo. Não há sobreviventes, informaram a companhia aérea e a TV estatal do país. É a segunda aeronave do modelo MAX 8 a cair nos últimos cinco meses.

O voo ET 302, que iria para Nairóbi (Quênia), caiu perto da cidade de Bishoftu, a 62 quilômetros a sudeste da capital da Etiópia, Adis Abeba. Cidadãos de 35 nacionalidades se encontravam na aeronave, entre os quais 32 quenianos, 18 canadenses, nove etíopes, oito italianos, oito norte-americanos e oito chineses.

Também morreram cidadãos de Inglaterra, França, Alemanha, Espanha, Israel, Holanda e Somália, entre outros países. Alguns tinham passaporte das Nações Unidas, mas suas nacionalidades não foram divulgadas. Não havia brasileiros a bordo.

O voo deixou o aeroporto de Bole, em Adis Abeba, às 8h38, horário local, antes de perder o contato com a torre de controle seis minutos depois, às 8h44. O piloto relatou dificuldades e pediu permissão para retornar. No entanto as causas do acidente não estão claras.

“Dados da rede Flightradar24 ADS-B mostram que a velocidade vertical ficou instável depois da decolagem”, informou a organização de rastreamento de voos baseada na Suécia em seu Twitter.

A companhia aérea, que substituiu suas cores no Twitter por preto e branco em sinal de luto, informou que concentra esforços para a identificação das vítimas. Um comitê com integrantes da Ethiopian Airlines, da Autoridade de Aviação Civil e da Autoridade de Transporte da Etiópia está conduzindo as investigações.

O gabinete do primeiro-ministro enviou condolências via Twitter para as famílias das vítimas no acidente. E disse que, assim que forem descobertas as causas do acidente, elas serão levadas a público.

A Câmara dos Deputados decretou luto oficial no país.

No aeroporto de Nairóbi, familiares de passageiros esperavam na área de desembarque, sem obter informações. “Não, nós não vimos ninguém da companhia aérea ou do aeroporto”, disse Robert Mutanda, 46, mais de três horas após a queda do voo.

Mais tarde, o CEO da ​Ethiopian Airlines, Tewolde Gebre Mariam, afirmou que não se sabia de qualquer problema técnico no avião que caiu e que o piloto tinha um “excelente histórico de voos”. Ele compareceu ao local do acidente, quando confirmou, em boletim divulgado às 13h46, que não havia sobreviventes.

“O CEO do grupo que está no local do acidente agora lamenta confirmar que não há sobreviventes. Ele expressa sua profunda simpatia e condolências às famílias e entes queridos de passageiros e tripulantes que perderam suas vidas neste trágico acidente”, informou a ​Ethiopian Airlines.

A aeronave era um Boeing 737 MAX 8, o mesmo avião que caiu na Indonésia em outubro de 2018, matando 189 pessoas, no que foi o primeiro acidente com este modelo.

O Boeing 737 MAX 8 tem 210 assentos. É a última versão das aeronaves da família 737, o avião comercial mais vendido do mundo e um dos mais confiáveis da indústria. Em relação a modelos anteriores, o MAX 8 usa o combustível de maneira mais eficiente e faz menos barulho. Seu primeiro voo foi em janeiro de 2016.

Até janeiro deste ano, o site da fabricante registrava mais de 5.000 pedidos do modelo, realizados por diversas companhias aéreas, entre as quais Air China, Aerolineas Argentinas e Gol Linhas Aéreas. Trezentos e cinquenta aeronaves já foram entregues. O MAX 8 é usado sobretudo para voos de curta e média distância.

“Recebemos a aeronave em 15 de novembro de 2018. Ela já havia voado mais de 1.200 horas”, afirmou o CEO da ​Ethiopian. A companhia aérea tem outros cinco MAX 8 em operação. Ainda segundo o CEO, as demais aeronaves do mesmo modelo vão continuar voando, já que as causas do acidente deste domingo (10) são desconhecidas.

A Ethiopian Airlines informou que profissionais da Boeing irão colaborar com as investigações. A companhia etíope é uma das maiores transportadoras do continente em tamanho de frota. Ela transportou 10,6 milhões de passageiros no ano passado.

O último grande acidente da companhia ocorreu em janeiro de 2010, quando um voo de Beirute caiu logo após a decolagem.