SARAH MOTA RESENDE

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O idioma português está dominado, o Corinthians é o time favorito e os comes são conhecidos dos brasileiros -com jogo na hora do almoço, a refeição era um típico PF brasileiro (prato feito com arroz, feijão, salada e carne, desde que não seja de porco). 

Muçulmanos, os senegaleses comemoraram a vitória sobre a Colômbia sem álcool o que, garantem, não interfere na diversão. “Não dá pra falar que seria melhor com algo que a gente não conhece. Eu nunca experimentei. A diversão é reunir nossa nacionalidade”, diz Fallow Wade, que há quatro anos mora no Brasil e trabalha como feirante.

A primeira vitória de um time da África na Copa foi assistida num típico bar e restaurante senegalês, nas proximidades do Largo do Arouche, no centro de São Paulo. Era meio-dia (horário de Brasília) quando a partida começou. 

Ao final do jogo ganho por 2 a 1 na Arena Spartak em Moscou, os senegaleses deixaram o local para comemorar a poucos metros dali, na esquina da rua Aurora com a Guaianases, no centro de São Paulo. O local é conhecido pela presença de estrangeiros como peruanos, haitianos e nigerianos, além dos senegaleses. 

A maioria vestia a camisa da seleção nacional, nas cores verde e branco. Levavam também um bandeirão do país, nas cores verde, amarelo e vermelho. Não havia mulheres.

“A gente se adapta bem a cultura do Brasil, mas continuamos sem beber nem mudamos de religião. Rezo cinco vezes por dia e vou a mesquita sempre que posso”, diz Wade. Ali, ele e companhia conversavam em wolof, um dos principais dialetos do país, embora a língua oficial seja o francês. 

Jovens na faixa dos vinte e poucos anos falavam e entendiam bem o português. Um torcedor mais empolgado jogou um saco de farinha na cabeça para comemorar -e precisou ir para casa tomar um banho antes de voltar ao trabalho. 

“Amo futebol. Pela internet, acompanho o campeonato senegalês e aqui no Brasil torço para o Corinthians”, disse o cabeleireiro Abidu Camara. Vendedor, Kema Gueye veio de Aracaju, no Sergipe, para comparar as mercadorias (joias e bijuterias) que revende no Nordeste.

Faz isso a cada três meses e aproveita para ver os amigos de São Paulo. Gueye vive com a namorada, brasileira, e um irmão. Diz que prefere a cidade litorânea porque “dá mais dinheiro” e a polícia “não fica tanto em cima”.  

Sem Guey, que volta para Aracaju nesta quarta (19), os outros senegaleses vão disputar um campeonato entre comunidades estrangeiras que vivem em São Paulo no fim de semana. No Mundial da Rússia, a torcida, dizem, é para uma final entre Brasil e Senegal -com vitória do time africano, claro.