BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O Senado argentino votará nesta quarta-feira (14), a partir das 14h (15h de Brasília), o orçamento para 2019. Em jogo também está a credibilidade do país diante do FMI (Fundo Monetário Internacional), a quem recentemente pediu um empréstimo de US$ 50 bilhões, dos investidores estrangeiros.

Dependem do voto ainda a popularidade do governo Mauricio Macri e o desenho do Congresso para o próximo ano, já apontando para as principais forças políticas que disputarão as eleições presidencial e legislativa de 2019.

O projeto já foi aprovado na Câmara dos Deputados em decisão acirrada, com 138 votos a favor e 103 contra (com 8 abstenções e 7 ausências).

Polêmico por prever cortes na administração do Estado, de obras de infraestrutura à saúde, vem causando protestos da oposição e de organizações sociais. Na votação na Câmara, houve discussões aos gritos entre os parlamentares, que tiveram de ser separados por seguranças, e enfrentamentos em protestos de rua.

Para o voto desta quarta, o Congresso será cercado por placas de metal enquanto durar a sessão. Na Câmara, foram 17 horas. No Senado, deve se prolongar até a madrugada de quinta-feira (15).

Nos últimos dias, a aliança governista (Mudemos) havia anunciado ter os 40 dos 72 votos necessários para aprovar o orçamento, ao convencer o presidente da casa, o peronista moderado Miguel Pichetto, a fazer seu bloco votar junto com o governo.

Na segunda-feira (12), no entanto, seis parlamentares desse grupo disseram que não o fariam.

O clima no Congresso durante a terça-feira (13) era de inquietação e houve várias reuniões entre os chefes de bancadas e seus comandados.

Há, ainda, a possibilidade de não haver quórum ou de surgirem propostas para alterar o texto, o que levaria ao adiamento da decisão.

O governo quer o orçamento aprovado antes da reunião de líderes do G20 (que vai de 30 de novembro a 1º de dezembro), para mostrar o compromisso da Argentina com suas metas econômicas.

A votação do orçamento também mostrará o alinhamento das alianças ante as primárias presidenciais do meio do ano que vem.

O peronismo moderado, aliado essencial de Macri até aqui, se descola do governo desde que começou, em abril, a crise da alta do dólar.

Isso acontece também porque suas principais figuras, como o próprio Pichetto e o governador de Salta, Juan Manuel Urtubey, têm ambições presidenciais.

Outro bloco que votará contra o governo é o kirchnerismo, encabeçado pela ex-presidente e pré-candidata Cristina Kirchner.

Por fim, estão os senadores do Mudemos. Apenas 25, eles não têm poder de aprovação.

Macri pretende lançar-se à reeleição, mas analistas políticos creem que, caso sua aprovação continue caindo (está entre 35% e 38%) e os problemas econômicos (dólar alto, inflação) não se resolverem, suas chances diminuem. Aprovar o orçamento, portanto, já faz parte de sua estratégia eleitoral.