Quando o ano de 2018 teve início, as expectativas da Associação Brasileira de Trabalho Temporário (Asserttem) eram positivas. Com a reforma trabalhista aprovada e a economia no crescente, a previsão era que o ano fosse de recuperação, com aumento do faturamento das empresas e, consequentemente, mais contratações. Encerrado o primeiro semestre, contudo, os prognósticos positivos já foram para o ralo.
“É um ano perdido. Não temos nome pesado (para presidente), não foi feito reforma nenhuma, só reajustes salariais para a parte pública, déficit (público) cada vez maior e nada de ganho. Não vemos o final do túnel”, afirma Jussara Portela, diretora e porta-voz da Asserttem no Paraná. “Acredito que este ano vamos apenas sobreviver, não vai ter grandes coisas. É um ano que devemos fazer o nosso melhor para manter o que já temos”, complementa.
O pessimismo nas palavras é reforçado ainda pelos números ruins. Depois de registrar entre janeiro e fevereiro o maior número de vagas de trabalho temporário criadas desde 2015 no Estado, o setor sofreu um duro golpe no mês de março (o último com dados disponíveis), quando foram geradas apenas 6.405 vagas, redução de 51% na comparação com o mesmo mês de 2017. 
Com isso, o Paraná acabou na contramão em relação ao resto do país por conta da crise no agronegócio, segundo a diretora da Asserttem. Por aqui, foram geradas 20.733 oportunidades de emprego temporário nos três primeiros meses do ano, uma redução de 13,43% na comparação com 2017, quando haviam sido criadas 23.949 vagas. No Brasil como um todo, o setor avançou 17,4% no primeiro trimestre de 2018, com 281.204 vagas de trabalho temporário geradas em todo o País, o melhor resultado desde 2015.
Como tudo o que já está ruim pode ficar ainda pior, a greve dos caminhoneiros, deflagrada no final de maio e que durou cerca de 10 dias, acabou por agravar o cenário já ruim. Antes da paralisação, a Sé Recursos Humanos, empresa na qual a diretora da Asserttem trabalha, estava com 300 vagas de trabalho temporário abertas. Depois da paralisação, os clientes desistiram das contratações. O número de vagas em aberto caiu para 60 e até hoje não recuperou.
“Já faz quase dois meses e ainda não deu aquecimento, está moroso. Agosto está chegando e já começamos a nos preparar par ao final de ano. Os meses de setembro até dezembro são o nosso Natal, que é quando dobramos a capacidade em termos de contratação. Mas os clientes já sinalizaram que (o nível de contratações) vai ser um pouco menor em comparação com o ano passado”, explica Jussara.

Vagas de trabalho temporário geradas no Paraná
(1º trimestre de cada ano)
2018    20.733
2017    23.949
2016    14.486
2015    25.101
2014    36.765