Em épocas de crise econômica, ninguém que trabalhe na iniciativa privada sente a segurança de um trabalho estável. A qualquer momento, qualquer pessoa da equipe pode ser dispensado da empresa. E, como quase todas as empresas têm o famoso rádio-corredor, também é comum que aconteça o vazamento de alguma informação sigilosa e que chegue a seus ouvidos a notícia de que determinado colega vai ser desligado da organização. E agora? O que fazer?

Especialistas em Gestão de Pessoas, Recursos Humanos e Recrutamento são unânimes em dizer: você não deve alertar seu colega sobre isso. Fazer esse alerta trará outros danos a você, à empresa e ao próprio colega. Primeiro porque implica em uma questão ética: se você não é o gestor daquele colega, não é você quem deve dar a notícia do desligamento a ele. Além disso, ficará evidenciado que a informação chegou a você por vias informais, ou seja, você deu ouvido a fofoca. E se tudo não passar de um engano, ou mesmo de má fé de quem espalhou o caso? E se os gestores mudarem de ideia antes do dia do desligamento? Problema maior ainda é o de que, se for avisado, provavelmente o colega perderá a energia no trabalho, passando a desempenhar suas atividades sem ânimo, o que poderá agravar ainda mais a sua situação.

Você pode estar se perguntando: e se for um grande amigo? Bem, aqueles mesmos especialistas dizem que devemos saber separar bem a amizade do comprometimento pessoal no trabalho. Mas, cá entre nós, sabemos que isso é quase impossível. O caminho, então, é agir de maneira indireta para tentar ajudar o amigo. Você pode, por exemplo, incentivá-lo a trabalhar com maior comprometimento e dedicação, e pode até mesmo começar a sondar oportunidades na área de trabalho dele. Se tiver acesso ao currículo dele, pode encaminhar aos recrutadores, de maneira ética e discreta.

E se eu estiver na lista dos demitidos?
Também é importante lembrar que, se o colega está com o pescoço a prêmio, você também pode estar. Afinal, a crise é generalizada e o risco atinge a todos, sem exceção. Então, fique atento aos sinais que os gestores da empresa podem estar emitindo sobre a possibilidade de desligar você. Note, por exemplo, se você está sendo deixado de lado em reuniões, se sua opinião tem sido descartada, se as pessoas não lhe pedem mais ajuda. Muitas vezes isso pode indicar um processo de fritura.

Nesse caso, você também pode tomar algumas atitudes em seu favor. Uma delas é procurar sua chefia imediata para uma conversa franca, mas sem colocá-lo contra a parede. Tente levar a conversa de forma branda, mas peça um feedback honesto. Ao ouvir críticas, seja receptivo e tente não ficar na defensiva. Procure formas de melhorar suas habilidades (isso será positivo mesmo que você venha a ser desligado, pois poderá melhorar seu currículo). Procure se motivar e trabalhar de forma animada, por difícil que isso seja. Lembre-se que desanimar, a essa altura do campeonato, só vai piorar as coisas. Além disso, procure ficar visível: demonstre os resultados de seu trabalho, em vez de ficar na sombra. Um bom Marketing Pessoal, elegante e discreto, pode fazer a diferença nessas horas. Isso tudo, é claro, se você achar que vale a pena lutar por esse emprego. Ao mesmo tempo, não fique esperando que as coisas aconteçam: vá à luta! Além de trabalhar bem na empresa, lembre-se de manter bons contatos com sua rede de relacionamentos. Atualize seu currículo e comece a buscar, discreta e profissionalmente, nova colocação.

Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.