Duzentas escolas estaduais reabriram nesta terça-feira, 8, no Estado de São Paulo para atividades presenciais, depois de mais de cinco meses fechadas para conter a disseminação do novo coronavírus. O balanço foi informado pela Secretaria da Educação do Estado no fim da tarde.

A rede estadual tem, ao todo, 5.667 escolas estaduais, mas nem todas essas unidades têm aval para abrir, já que a autorização depende das prefeituras e da permanência por 28 dias na fase amarela do plano de reabertura do governo paulista. A proporção das unidades que abriram nesta terça-feira em relação ao total de escolas da rede é de 3,5%.

Segundo a Seduc, nessas 200 unidades, houve atendimento a estudantes e a maioria das escolas registrou procura de 10% a 15% dos alunos. Boa parte das unidades que reabriu nesta terça está em municípios como Sorocaba, São Carlos e Piracicaba, regiões que, segundo a pasta, já haviam indicado intenção de retomar as atividades presenciais antes.

Para Henrique Pimentel, subsecretário de articulação regional da Secretaria de Educação, o número de unidades que voltaram é considerado bom. “Algumas receberam estudantes gremistas, estudantes acolhedores, até para bolar o plano de reabertura. É um retorno lento, gradual, sem pressa para as escolas.” Em setembro, a volta é facultativa e não serão oferecidas atividades curriculares. O retorno com as aulas está previsto para o mês de outubro.

Segundo Pimentel, embora a procura dos estudantes tenha ficado na faixa dos 15%, houve unidades que registraram interesse de mais alunos pelo retorno presencial nesta terça-feira. “Tivemos escolas que nem conseguiram atender todo o contingente hoje e fizeram um modelo de revezamento. A maior demanda que tivemos foi em São Carlos, onde as escolas já estavam mais organizadas, fizeram seus planos.”

Em Sorocaba, por exemplo, houve retorno das atividades presenciais em parte das escolas particulares. Entre as escolas públicas estaduais, apenas algumas, como a E.E. Profa. Ana Cecília Martins, abriram as portas para um número reduzido de alunos. Ainda assim, eles não tiveram aulas. “Foi mais para explicar como é que vai funcionar a partir de agora, com poucos alunos em cada classe, as carteiras distantes umas da outras, com medição de temperatura, álcool gel, sem contato nenhum”, disse a estudante Silvia Delgado, de 13 anos.

Na E.E. Antonio Padilha, na região central, uma das mais tradicionais da cidade, o estudante Luan Santos Santana, de 16 anos, era o único aluno presente na manhã desta terça. Mas isso tinha uma explicação: ele é filho do zelador da escola, Dorivaldo Santana, e mora no prédio. “Mesmo estando dentro da escola, só tenho assistido aulas à distância e feito lições pelo celular”, disse o adolescente. A administração informou que a escola ainda está sendo preparada para a volta às aulas e que os pais serão avisados.

Na E.E. Fernando Rios, a direção estava apenas cadastrando os pais que querem levar os alunos para aulas presenciais de reforço. A prioridade é para estudantes sem acesso à internet ou com dificuldade para absorver os conteúdos. Só podem comparecer alunos que não estão nos grupos de risco. Além disso, o pai ou responsável deve levar o filho e esperar por ele até o fim da aula.

Para sindicato, adesão foi menor

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) afirma que o número de 200 escolas informado pelo governo estadual não corresponde à realidade e que o balanço da pasta leva em conta também a rede privada. Segundo cálculo da Apeoesp, apenas 20 unidades estaduais teriam feito a reabertura nesta terça-feira. Para Bebel Noronha, presidente da Apeoesp, a baixa adesão reflete a “insegurança da população no que diz respeito à volta às aulas”.

Ela acredita que mais municípios devem suspender o retorno da rede estadual nas próximas semanas, a exemplo do que fez Cotia nesta terça-feira. A cidade já havia barrado a volta das escolas municipais neste ano e postergou para o ano que vem também o retorno da rede estadual. As crianças são vetores potenciais da covid-19, o que está em questão é a defesa da vida. Os prefeitos estão com mais bom senso do que o governador e o secretário da educação”, diz Bebel.