Luiz Costa/SMCS

A startup curitibana Certus, que criou uma plataforma inteligente de gestão de pequenas indústrias e cresceu 300% em 2019, acaba de ampliar sua atuação. A empresa da capital, em parceria com o fundo de investimento catarinense Matriz, passa a oferecer para seus clientes recursos através de uma operação chamada “antecipação de recebíveis”. Estão sendo disponibilizados, inicialmente, R$ 100 milhões do fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC).

Funciona assim. O cliente da Certus precisa se rentabilizar, ou seja, trazer dinheiro para seu caixa. A pequena indústria vendeu a prazo um produto, gerando uma operação de crédito. Como esta empresa só vai receber depois de certo tempo — e está precisando de recursos no momento — ela negocia os direitos de recebimento (antecipação de recebíveis) com a Certus, que empresta à vista, cobrando uma taxa que, segundo a empresa, é abaixo da cobrada pelos bancos, por exemplo.

Fábio Ieger, fundador e CEO da Certus, conta que resolveu oferecer os recursos da Matriz para seus clientes por conhecer as dificuldades dos empreendedores. “O pequeno empresário brasileiro em geral é um técnico e não um gestor. Problemas de gestão e falta de capital levam empresas à falência”, justifica.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), uma em cada quatro empresas fecha antes de completar dois anos no mercado.

Ieger conhece bem o drama dos pequenos empresários. Em 2012, ele perdeu um cliente importante e sua primeira empresa não resistiu. Em 2013, surgiu a Certus, com a missão de reduzir a mortalidade de pequenas indústrias.

No ano de 2019, o crescimento da Certus foi de 300% por conta do sucesso do software de gestão inteligente usado hoje por mais de 200 pequenas indústrias. O futuro das gestões, prevê Ieger, está completamente na inteligência artificial. “Controlamos 100% uma pequena indústria. Do início ao final do processo, incluindo compras, vendas, estoque, financeiro, fiscal e produção”, explica.

O crescimento da startup curitibana ocorreu após ela passar por um programa de aceleração da Baita Aceleradora, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e receber investimentos dos fundos brasileiros Bossa Nova e IVP.

Com sede na Travessa da Lapa, no Centro da capital, a Certus atua no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Em 2020, deve chegar a Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo e Goiás.

Vale do Pinhão
O CEO da Certus destaca ainda a segurança para os clientes em captar recursos através do fundo Matriz. “O Sebrae auxiliou na estruturação do fundo, sob as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)”, argumenta ele. No segundo semestre, o volume de recursos disponíveis para empréstimo através de antecipação de recebíveis pode chegar a R$ 500 milhões.

O fundador da startup curitibana também acredita que agora é o momento de as empresas buscarem recursos para crescer, graças ao ambiente favorável para o desenvolvimento de tecnologias e inovação oferecido na capital. “A Prefeitura deu o primeiro passo com o Vale do Pinhão, que é uma peça-chave. O ecossistema ainda está amadurecendo, mas melhorou muito nos últimos três anos”, acrescenta Ieger.