RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O Atlético-MG será denunciado pela procuradoria-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pelos cânticos homofóbicos que citaram o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

Felipe Bevilacqua, procurador-geral do STJD, denunciará o clube mineiro no artigo 191 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O artigo estabelece multa de R$ 100 a R$ 100 mil, com fixação de prazo para cumprimento da obrigação.

“A nossa proposta não é fazer um terrorismo esportivo, tirar ponto, nada. Mas entendemos que cabe uma punição no artigo 191. Seguimos um padrão da Fifa de multa nesses casos. A própria CBF já sofreu isso por gritos em jogos da seleção”, disse o procurador.

Não há, portanto, risco de o clube mineiro jogar com portões fechados por conta do comportamento de parte de sua torcida no jogo do último domingo (16), diante do Cruzeiro, no Mineirão.

O Atlético entrou na mira do STJD graças à postura de sua torcida no jogo da 25ª rodada do Campeonato Brasileiro. Visitante no clássico local, parte do público alvinegro que foi ao estádio soltou a voz em um grito homofóbico que citava Jair Bolsonaro.

“Ô, cruzeirense, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar veado”, dizia a música improvisada pelos torcedores. O fato ocorreu no intervalo da partida que terminou empatado em 0 a 0. A intenção era provocar um sócio-torcedor do arquirrival que participava de uma promoção no gramado local.

Nesta terça-feira (18), ao ser perguntado sobre o caso, o presidente Sérgio Sette Câmara o colocou como “assunto encerrado” na Cidade do Galo.

“Vou começar pelo final. O que o Atlético tinha para falar a respeito daquele assunto foi feito através de uma nota oficial e acredito que, da nossa parte, o assunto está encerrado. Não vou voltar a falar sobre ele. Quem não leu a nota, ao ler, vai entender qual é o nosso posicionamento. Nós lamentamos que aquele fato tenha ocorrido”, disse.

O grito fez o clube se manifestar ainda na noite do último domingo. Em nota oficial, o Atlético repudiou a homofobia praticada por parte de sua torcida no Mineirão:

“O CAM lamenta profundamente as manifestações homofóbicas de parte dos torcedores, no jogo deste domingo, no Mineirão. Reiteramos nosso repúdio a quaisquer gestos de preconceito ou de incitação à violência. A maior torcida de Minas é composta por pessoas de todas as classes sociais, raças e gêneros, não cabendo qualquer tipo de discriminação. Isso não faz parte da nossa gloriosa história! #TimeDeTodos”, escreveu o clube em suas redes sociais na ocasião.

No dia do confronto, o Galo disse à imprensa que não se manifestaria sobre o caso. No entanto, no período da noite, mudou de opinião e se posicionou de forma contrária ao comportamento daqueles que foram ao Gigante da Pampulha.

“A nota é autoexplicativa. Nós já tínhamos até, antes mesmo desse lamentável episódio, feito campanhas por meio dos nossos canais apropriados contra qualquer tipo de discriminação. O Galo é de todos”, afirmou o mandatário.