Franklin de Freitas – Mais de 700 denúncias no Paraná

Suspeitos de terem furado a fila da vacina contra a Covid-19 em Rio Branco do Sul (região metropolitana de Curitiba) negaram, ontem, irregularidades no processo em depoimento à Comissão Especial da Assembleia Legislativa que investiga possíveis fraudes na imunização contra a doença no Estado. Entre os ouvidos estiveram a cirurgiã dentista Anne Caroline Teixeira e seu pai, Mario Farias – proprietários de uma clínica odontológica da cidade onde todos os funcionários – inclusive os da área administrativa – foram vacinados. Os nomes ouvidos pelos parlamentares fazem parte de uma lista encaminhada pela prefeita, Karime Fayad, ao Ministério Público do Paraná (MP-PR).

Ambos alegaram que tomaram a vacina por orientação de servidores da saúde do município. Anne Caroline alegou que um agente de saúde de nome Danilo foi até o consultório e pediu os nomes de todas as pessoas que trabalhavam no local. “Perguntei se era só os dentistas ou todos os colaboradores. Ele disse que todos”, afirmou ela. A dentista alegou que tanto o pai quanto sua mãe, Elizete Rocha de Faria, trabalham na clínica, e portanto foram vacinados. “Eu tive a autorização para colocar o nome dos meus pais. Se não houvesse, eu não faria. Não foi com a intenção de furar fila”, garantiu.

A prefeitura alegou que em diligência no local, não encontrou os pais da dentista trabalhando na clínica. “Por se tratar de uma empresa familiar, eles fazem parte, cuidam de todo o funcionamento da clínica. Eles não cumprem expediente das 8 horas às 17 horas. Mas quando não estão, estão fazendo algo relacionado à clínica”, explicou ela. “Eu fui lá vacinar porque a prefeitura chegou na clínica, pegou o nome de todo mundo que trabalhava aqui”, afirmou Mário Farias, pai da dentista.

Já uma mulher de 34 anos também vacinada justificou o fato por estar trabalhando em um laboratório da área da saúde durante o período em que recebeu uma dose do imunizante. Uma terceira suspeita, que incluiu na lista de vacinação um adolescente de 17 anos, preferiu não prestar depoimento. A informação é de que ele era estagiário no estabelecimento.

Clareza

A prefeita de Rio Branco do Sul, Karime Fayad, explicou que o município segue as determinações do Plano Estadual de Imunização. De acordo com ela, na documentação enviada para os estabelecimentos de saúde indicar as pessoas aptas a serem vacinadas, está claro a informação de que os profissionais “devem estar ativos e trabalhando”. “No documento está claro quem tinha direito a vacina. Não se pode justificar dizendo que não havia clareza”, explicou. Até o mês passado, a Controladoria-Geral do Estado (CGE), já recebeu 731 denúncias sobrea ‘fura-filas’ da vacina contra a Covid-19 no Paraná.