Com uma popularidade pífia, circundado por denúncias de corrupção que já invade o Palácio do Planalto e com a sorte política incerta, Michel Temer (MDB) já não é mais dono do próprio destino. O presidente da República está prestes a perder a única coisa que lhe resta: o Congresso Nacional. A influência dele sob os integrantes das Câmaras Alta e Baixa começou a ruir – apesar de todas as barganhas de cargos, diretorias e ministérios. 
A quatro meses da eleição, na qual passará incólume, Temer já não dá mais as cartas. Virou um mero expectador dos fatos. Finge dirigir um país que está desgovernado. Sem rumo e sem prumo. Acuado por acusações e provas cada vez mais robustas no âmbito da Lava Jato, Temer será presa fácil para a Polícia Federal e Ministério Público Federal a parir de janeiro – quando perde o foro privilegiado. 
Isso, claro, se a terceira denúncia da Procuradoria Geral da República não antecipar sua melancólica gestão. Congressistas ouvidos pelo titular deste espaço semanal, são unânimes em proclamar: o presidente Temer não tem mais base no Senado e na Câmara Federal para suportar uma nova investida da PGR. Ou seja, deputados e senadores hoje dariam o aval para que o presidente da República respondesse pelos atos ao Supremo Tribunal Federal – hipótese que o levaria ao afastamento temporário  do Palácio do Planalto. 
Dentro deste desolador cenário, veio à público a descoberta de nada menos que R$ 23,6 milhões na conta bancária de duas empresas do coronel João Baptista Lima Filho. O vultuoso montante está ligado a PDA Administração e a PDA Projeto e Direção Arquitetônica – ambas de Lima Filho. O coronel já é um velho conhecido dos investigadores da PF. Ele é amigo pessoal do presidente Michel Temer e chegou a ser preso em uma das diversas operações deflagradas. 
O ciclo está se fechando rapidamente contra o presidente e só a prerrogativa de foro o mantém imune às ações da PF e do Ministério Público Federal. 
Nenhum político em processo de reeleição colocaria seu capital político em risco para defender Temer. Este tempo já passou e o presidente sabe disso. Seus companheiros já não estão na mesma trincheira. E mesmo os implicados na Lava Jato, assim como o emedebista, lhe viram o rosto. 
Eunício Oliveira, presidente do Senado Federal e colega de MDB, é o mais recente e cristalino exemplo. Sem pudor, o impoluto parlamentar disse com todas as letras que a relação de Temer com o Congresso está “muito difícil”. Fala em falta de credibilidade do governo para pautar reformas. Reproduzo aqui ipsis litteris a declaração de Eunício dada ao jornal O Povo. “Estamos no final de governo, e é um governo fragilizado, sem aplausos nas ruas, sem credibilidade do ponto de vista político. É preciso que a gente tenha ciência disso”. 
Se esta percepção estampa o noticiário é sinal que nos bastidores, assim como relatado pelos congressistas, Temer perdeu toda e qualquer sustentação daquele que era o único que o mantinha de pé: o Congresso Nacional. Daqui até 31 de dezembro de 2018, o presidente da República Michel Temer será a nossa rainha da Inglaterra. Uma mera figura decorativa.