Frankin de Freitas – Movimento desde o fim do ano passado anima os trabalhadores na areias do Litoral paranaense

O início de ano agitado nas praias do Paraná está animando os vendedores ambulantes, que dependem da alta temporada turística (entre o final de um ano e começo do outro) para conseguir uma boa renda e se manter durante o ano. Depois registrar um recorde no Reveillon, com mais de 2 milhões de pessoas nos municípios de Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná, o movimento no litoral paranaense neste início de janeiro segue elevado, o que tem ajudado os ambulantes a recuperar um pouco do tempo perdido e da grana não faturada no último verão (2020/21), que teve movimento abaixo do normal por conta da pandemia do novo coronavírus.

Ao todo, há cerca de 2.000 ambulantes atuando nos municípios praianos (Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná), numa atividade responsável por garantir renda a centenas de famílias no litoral do Paraná. Para poder trabalhar como vendedor durante a temporada, os municípios exigem um cadastramento do profissional, que deve comprovar residência ou algum tipo de vínculo com o município onde atuará.

Apenas em Pontal do Paraná, por exemplo, estão atuando aproximadamente 400 ambulantes durante o verão, vendendo produtos variados para moradores e turistas. No segundo semestre do ano passado, inclusive, esses profissionais participaram de cursos de capacitação, de forma a garantir que pudessem aproveitar melhor a retomada das atividades turísticas (aprendendo sobre gestão financeira, comercialização e meios de pagamento) e também oferecer mais segurança para veranistas (com os ambulantes recebendo ensinamentos sobre manipulação de alimentos, conduta segura contra a Covid-19 e atendimento ao cliente).

Há seis anos vendendo pastéis na praia de Ipanema, Valdecir Fernandes da Cruz celebra o bom movimento no litoral e revela estar conseguindo fazer boas vendas. “Esses dias todos tá girando acima de 200, 300 pastéis [vendidos diariamente]”, comenta o ambulante. “Mesmo passando o período de Natal e Ano Novo, ainda mantém um público considerável na praia. E a praia não ´pe a mesma sem o pastel, as bebidas, tudo que contribui para o turista, que sente falta dessas opções na praia”, complementa.

Ainda segundo Valdecir, como o balneário de Ipanema é grande, os ambulantes não têm ponto fixo e costumam ir para onde tem maior movimento. Nesses locais, porém, os vendedores têm procurado se reunir, dando várias opções de compra num só local aos clientes. “Em temporadas passadas a gente caminhava muito, agora nos concentramos num ponto e as pessoas vem até aqui”, explica o vendedor.

Fim do pedágio e vontade de sair de casa ajudam, mas pandemia ainda preocupa

Para o empresário José Paulo, cuja família possui negócios no ramo gastronômico do litoral paranaense há mais de cinco décadas, o arrefecimento da pandemia no segundo semestre do ano passado, aliado à vontade das pessoas de saírem de casa e o fim do pedágio, acabou contribuindo para que as praias do Paraná tivessem um movimento elevado durante o verão.

“Tudo fechado por dois anos. O pessoal que estava empregado e continua empregado não teve onde gastar e ficou com mais dinheiro. E ainda teve a alta do dólar, que inviabilizou viagens pro exterior, fortalecendo as viagens internas, pro próprio país. Aí o turismo interno aumentou”, diz José, demonstrando ainda preocupação com a nova onda do coronavírus, provocada pela variante ômicron, e pela falta de sensibilidade e compromisso de muitas pessoas.

“A queda nos casos de Covid acabou dando essa alforria, essa liberdade e o pessoal desceu [a Serra]. Foi até uma liberdade sem compromisso, desrespeitando um pouco as normas de saúde”, diz o empresário, que relata ainda estar temeroso com a nova onda pandêmica. “O setor de eventos e o setor gastronômico sempre são os primeiros a serem atingidos [pela imposição de medidas restritivas]. Em Pontal do Paraná tivemos cancelamento da Festa do Caranguejo, dos Jogos dos Amigos, que teríamos o Adilson Batista e o Cuca [técnicos de futebol]. O evento que iria ter show do Julio e Juliano no Centro de Eventos também foi cancelado, e tememos que isso atinja o setor gastronômico.”

Autorização

Isenção na taxa de licença e certificação dos vendedores

Como já citado, os vendedores ambulantes que atuam nas praias paranaenses precisam de autorização das prefeituras locais para trabalhar, tendo de fazer um credenciamento e se submeter a normas pré-estabelecidas de higiene, condições dos carrinhos e a forma do trabalho prestado.

Em Matinhos, equipes da Vigilância em Saúde têm verificado a regularidade desses vendedores, cujos carrinhos recebem um selo de certificação quando está tudo de acordo. Já em Pontal do Paraná, os ambulantes receberam camisetas especiais para trabalhar. A medida é importante para garantir a segurança de veranistas e também o desenvolvimento econômico dos municípios, garantindo renda para os moradores da cidade, que dependem da alta temporada turística para se manter durante o ano.

Em Pontal do Paraná, inclusive, a maioria dos ambulantes é isento de pagar a taxa de licença, uma medida de impacto econômico e social. A isenção da taxa de licença é concedida para o interessado que comprovar possuir renda familiar média igual ou inferior a 2 (dois) salários mínimo ou que tiver mais de sessenta anos de idade, sendo que 95% dos vendedores ambulantes do município, segundo a prefeitura, não paga a taxa de licença para comercializar seus produtos.