SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira fechou em forte alta nesta segunda-feira (11) com investidores animados em relação à reforma da Previdência e à proposta do governo para desvinculação orçamentária.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, avançou 2,79% e voltou ao patamar de 98 mil pontos que não alcançava desde 14 de fevereiro.

O dólar comercial recuou 0,77% ante o real, cotado a R$ 3,8420, também por um exterior menos avesso a risco.

O mercado local gostou do tom otimista do ministro Paulo Guedes (Economia) em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo do domingo (10).

Guedes afirmou que as mudanças nas regras para aposentadoria serão aprovadas. Ele admitiu que negociações no texto são possíveis, mas reforçou que o piso da economia a ser gerada é de R$ 1 trilhão.

O ministro disse ainda que o governo não vai aguardar o encerramento da tramitação da reforma da Previdência para enviar ao Congresso proposta que prevê ampla desvinculação do Orçamento.

“O assunto vinha no sentido de que seria um plano B [caso a reforma da Previdência não fosse aprovada], mas ele deixou claro que não, que será levado adiante”, diz Victor Candido, economista-chefe da Guide Investimentos.

Guedes afirmou que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da desvinculação orçamentária será entregue para tramitação inicial no Senado “o mais rápido possível”. A proposta da Previdência, por sua vez, começa a ser analisada na Câmara dos Deputados.

Segundo Vicente Matheus Zuffo, gestor de fundos da SRM, o mercado teve um choque de otimismo também após o encontro de Jair Bolsonaro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no sábado (9).

A expectativa é que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) que vai analisar o texto da Previdência seja instalada nesta quarta-feira (13).

“A negociação com os partidos para a aprovação da reforma começa nesta semana, e tudo indica que vai ter um bom andamento”, disse Zuffo.

No Ibovespa, um destaque foi a Petrobras, cujos papéis preferenciais subiram 4,2% depois que a petroleira anunciou a intenção de cortar US$ 8,1 bilhões de custos operacionais entre 2019 e 2023.

As ações do setor financeiro, com maior liquidez, também impulsionaram o índice.

A Azul saltou 6,45% após divulgar acordo para a compra da Avianca Brasil por US$ 105 milhões (R$ 406 milhões).

Já a Gol recuou 2,59%, na esteira do acidente com o Boeing 737 MAX 8. O modelo é a espinha dorsal da expansão internacional da companhia.

No exterior, promessas de estímulos na China favoreceram ganhos nas maiores Bolsas da Ásia, viés mantido na Europa e nos Estados Unidos.

O Dow Jones, principal indicador dos EUA, subiu 0,79%, o S&P 500, 1,47%, e o Nasdaq, 2,02%..

A alta do Dow Jones foi contida pelo desempenho da Boeing, com peso de 10% no índice, que chegou a afundar 13% após a queda do 737 MAX 8 operado pela Ethiopian Airlines no domingo. As ações fecharam em baixa de 5,3%.

“É um programa relevante para a Boeing e toda a indústria. É tudo muito preliminar ainda, mas existe preocupação pela gravidade do acidente e pelos países que estão proibindo a aeronave”, diz Arthur Siqueira, sócio da GEO Capital.

No Brasil, as ações da Embraer, em processo de fusão com a Boeing, caíram 0,36%.