MOSCOU, RÚSSIA (FOLHAPRESS) – Os brasileiros em Moscou contrariaram a torcida dos russos pela França e adotaram outro time para torcer neste domingo (15), dia da final da Copa do Mundo da Rússia: a Croácia. Mas não deu sorte. A seleção foi derrotada por 4 a 2 e ficou com o vice.

O jogo mais importante do futebol em 2018 foi acompanhado por 78.011 pessoas no estádio Lujniki, com grande variedade de países presentes.

Dezenas de bandeiras distintas foram vistas do lado de fora e de dentro da arena. Alguns desses países sem nenhuma tradição no futebol, como Cazaquistão, Vietnã, Venezuela e Congo. 

O Brasil marcava grande presença, já que muitos esperavam encontrar o time de Tite na decisão e os ingressos foram adquiridos com antecedência. A seleção caiu nas quartas de final para a Bélgica, após derrota por 2 a 1.

“A França já nos machucou bastante, por isso escolhemos a Croácia para torcer. Além do que, franceses são muito metidos”, disse Thiago Squarizi, 29, que tinha entradas para a final caso o Brasil chegasse, mas perdeu junto com a queda da seleção -a Fifa oferecia a compra condicional de acordo com os países que se classificassem.

A França foi algoz do Brasil nos três últimos encontros em Copas do Mundo. 

Primeiro, em 1986, eliminou o time de Zico nas quartas de final nos pênaltis. Depois, em 1998, Zidane e companhia aplicaram 3 a 0 na decisão e conquistaram seu primeiro título mundial, contra a equipe que tinha Ronaldo como estrela.

Já em 2006, Henry fez o gol que despachou a seleção do mesmo Ronaldo, de novo nas quartas. 

Apesar do dia decisivo, os arredores do Lujniki não pareciam receber um público de final de Mundial. Os torcedores preferiram beber cerveja a cantar ou festejar. Quando se animavam, era a pedido das câmeras das televisões que cobriam o evento.

Os croatas eram mais animados que os franceses. Do lado de fora, acabaram com a cerveja de vários carrinhos nos arredores, obrigando os voluntários da Fifa a correrem várias vezes para recarregar os veículos. “Estamos felizes só por estar aqui”, disse um deles.

Dentro do estádio, brasileiros puxaram o coro de “Croácia, Croácia, Croácia” diversas vezes. E os croatas cantaram com força o hino do país antes do jogo, estendendo uma grande bandeira que dizia “Um coração, uma força! Meu país é a Croácia!”.

Os brasileiros foram contrários à escolha da maioria dos russos, que optaram por ficar do lado francês. 

A escolha foi após o zagueiro croata Domagoj Vida homenagear a Ucrânia, país envolvido em disputa com a Rússia sobre o território da Crimeia e a Guerra de Donbass, que resultou na morte de milhares de pessoas desde o início de 2014.

Nas ruas, os russos adotaram as cores da bandeira francesa -por sinal, as mesmas do país anfitrião – com pinturas, bandeiras e camisas. 

O povo local criou músicas contra os croatas por causa da atitude de Vida. Na semifinal diante da Inglaterra, o zagueiro ouviu vaias da torcida, mas foi poupado na final deste domingo. 

“Eu e minhas amigas escolhemos torcer pela França pois simpatizamos mais com o país”, explicou Elena Berendeva, 30, de São Petersburgo, que buscava em Moscou um ingresso para a final.

Os franceses se instalaram do lado contrário aos rivais, no gol onde Lloris começou o primeiro tempo, e também fizeram grande festa, mas com menos barulho.

Um grupo passou o jogo inteiro agitando pequenas bandeiras do país. O tradicional grito de “Allez, le Bleus (Vamos, Azuis)” só ganhou força aos 30 do segundo tempo, quando a partida já estava 4 a 2.

A França administrou a vantagem até o fim e levantou o troféu de campeã mundial pela segunda vez em sua história.