Franklin de Freitas – O presidente do TRE/PR

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) vai abrir uma licitação para contratar seguranças que atuarão no dia das eleições em todo o estado. A medida foi confirmada nesta terça-feira (9) pelo presidente do TRE-PR, desembargador Wellington Emanuel Coimbra de Moura, em conversa com jornalistas antes de assinar um termo em que líderes religiosos se comprometeram a combater a desinformação e as notícias falsas.

“De forma cautelosa, até porque não quero pagar pela omissão, estou abrindo uma licitação para contratar alguns seguranças que trabalharão no cartório eleitoral no dia da eleição. Estarão dois seguranças por cartório eleitoral, por cautela, Mas não estou temeroso”, afirmou Coimbra de Moura. Os cartórios são os locais onde as urnas são lacradas antes de seguirem para as zonas eleitorais.

O presidente do TRE-PR tem feito audiências com representantes de entidades civis e religiosas para assinar termos de compromisso em relação ao compartilhamento de notícias falsas. Nesta terça-feira (9), líderes religiosos estiveram na sede do Tribunal, no bairro Prado Velho, em Curitiba.

“Estamos fazendo audiências para que as pessoas tirem suas dúvidas, especialmente sobre as urnas eletrônicas, tão difamadas e mal faladas. É importante que a sociedade conheça seu funcionamento”, afirmou o presidente do TRE-PR. “As entidades que assinarão esse pacto são formadoras de opinião. Queremos que elas propaguem o que nos interessa, que é a paz social”.

Urnas
Coimbra de Moura também visitado órgãos militares para explicar como funcionam as urnas eletrônicas. “Estive em todos os quartéis do estado do Paraná nesses seis meses em que estou à frente do TRE, já levei a urna para tirar todas as dúvidas dos militares. É o órgão com maior capilaridade no estado, sem a participação dos militares dificilmente conseguiríamos fazer a eleição”.

O presidente do TRE-PR negou que a ação junto a militares e líderes religiosos tenha ligação com o fato de esses setores apoiarem majoritariamente o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que tem questionado a eficácia das urnas eletrônicas. Segundo Wellington Coimbra de Moura, as ações fazem parte de um processo de aproximação da justiça eleitoral da sociedade.

“Sempre imaginei que a Justiça Eleitoral deve ir ao encontro da sociedade, e não inverso. Essa política está dando muitos frutos. Estamos indo aos jovens, que passaram a participar mais do processo eleitoral, e aos que têm mais de 70 anos, aos quilombolas, aos caiçaras e aos indígenas. Vamos colocar urnas em casa de longa permanência, para que aqueles que estavam à margem do processo eleitoral possam participar”.

Tribunal lança campanha pela paz
As audiências fazem parte da campanha “Paz e Segurança nas Eleições — Um Pacto Pela Democracia”, lançada pelo TRE-PR com o objetivo de prevenir atos violentos e promover o debate político respeitoso. Para Wellington Emanuel Coimbra de Moura, a principal maneira de combater a violência política nos dias de hoje é enfrentar a divulgação de informações falsas.

“A desinformação é propulsora da violência, seja a violência física ou a violência moral. Nenhum tipo de violência é admissível”, disse o presidente do Tribunal. “A democracia não se faz só com o consenso, na verdade ela se faz com o dissenso, mas com o dissenso de ideias e não de pessoas. A nossa sociedade não merece ser manipulada, por isso temos a obrigação de fazer esse combate”.

Um dos participantes do evento desta terça-feira, o arcebispo de Curitiba, Dom José Antonio Peruzzo, avaliou que o momento exige maturidade. “Estamos a chegar a um grau em que os tempos pedem maturidade, não apenas passionalidade. Isso se faz no encontro, na palavra ouvida e na palavra pronunciada com respeito”, afirmou Dom Peruzzo, que elogiou a iniciativa do Tribunal. “Não pretende o judiciário, de forma acomodatícia, cumprir deveres, quer também promover a reflexão”.