SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos EUA, Donald Trump, fez uma viagem surpresa nesta quarta-feira (26) a forças americanas no Iraque, em sua primeira visita a tropas estacionadas no exterior em uma zona de combate. Ele estava acompanhado da primeira-dama, Melania Trump.

A visita ocorre em meio a uma paralisação do governo americano, o chamado “shutdown”, e menos de uma semana depois que Trump anunciou a retirada de seus cerca de 2.000 soldados da Síria.

A decisão abrupta levou ao pedido de demissão do secretário da Defesa, Jim Mattis, e do enviado americano para a coalizão de combate ao Estado Islâmico, Brett McGurk.

Na ocasião, Trump justificou sua decisão dizendo ter vencido o Estado Islâmico na Síria. Ele escolheu no Iraque para visitar uma base militar localizada em Mossul, cidade em que o líder do grupo extremista declarou o início de seu califado.

“Muitas pessoas vão começar a concordar com o meu modo de pensar”, afirmou nesta quarta, na Base Aérea Al Asad. “É hora de começar a usar a cabeça.”

“Não somos mais otários, rapaziada”, afirmou às tropas. “Somos respeitados novamente como nação.”

A viagem foi envolta em sigilo. O Air Force One partiu durante a madrugada de Washington e pousou em uma base aérea a oeste de Badgá quando ainda estava escuro.

Trump falou ainda que está descartada uma saída americana do Iraque. “Na realidade, poderíamos usar isso [o Iraque] como base caso queiramos fazer algo na Síria.”

O casal Trump passou cerca de três horas na base de fuzileiros navais, uma das mais importantes desde a invasão americana do Iraque, em 2003, e que assumiu um papel ainda mais relevante na luta contra o EI, por causa de sua localização, a partir de 2014.

Em nota, o gabinete do premiê do Iraque, Adel Abdul-Mahdi, afirmou que um encontro entre Trump e líderes iraquianos foi descartado por desacordos sobre a forma de conduzi-lo. No lugar da reunião, houve apenas um telefonema.

Já a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, disse que o encontro não ocorreu apenas por questões de segurança e pela rapidez da visita e que Abdul-Mahdi aceitou um convite de Trump para visitar a Casa Branca no ano que vem.

O líder de um dos principais blocos no Parlamento iraquiano denunciou a visita de Trump como uma “violação da soberania do Iraque”.

Sabah al-Saidi pediu uma sessão especial do Parlamento para discutir a questão.

A afirmação de Trump de que os EUA derrotaram o EI e por isso poderiam sair da Síria foi criticada por republicanos, democratas e por aliados internacionais americanos.

As críticas são de que a decisão pode diminuir a influência americana na região e prejudicar esforços democráticos para pôr um fim à guerra na Síria, agora em seu oitavo ano.

O presidente também aproveitou a viagem para falar sobre a paralisação do governo, que já dura cinco dias.

Ele disse que está preparado para esperar o quanto for necessário até que os US$ 5 bilhões que deseja para a construção do muro na fronteira com o México sejam aprovados.

Questionado quanto tempo estaria preparado para aguentar a paralisação, ele disse: “o quanto for necessário”.

“O público americano está exigindo um muro”, afirmou. “Temos de ter um muro, temos de ter proteção.”

A paralisação começou devido à demora dos parlamentares em aprovar o novo orçamento. Sem a lei, a administração federal não pode fazer despesas e os órgãos federais deixam de funcionar. Apenas atividades essenciais continuam.

Para Trump, a resolução do impasse cabe à democrata Nancy Pelosi, que deve se tornar líder da Câmara de Representantes (deputados) em 3 de janeiro.