WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente Donald Trump afirmou nesta sexta (17) que pediu à Sec (Securities and Exchange Commission, órgão regulador do mercado de capitais), para estudar a possibilidade de as empresas de capital aberto apresentarem seus relatórios de ganhos a cada seis meses, não mais a cada trimestre.

“Isso permitiria uma maior flexibilidade e economia de dinheiro [para as empresas]”, escreveu no Twitter.

Em conversa com jornalistas durante a manhã, disse que a sugestão partiu de Indra Nooyi, antiga diretora da PepsiCo e que está olhando para a questão “muito, muito seriamente”.

Por uma regra de 1934, as empresas devem relatar suas vendas, lucros e patrimônio a cada três meses. O ato foi promulgado para dar mais confiança e transparência a investidores depois da crise de 1929.

Mas preparar relatórios a cada trimestre pode estimular as empresas a buscar ganhos a curto prazo, ao invés de focar em investimentos a longo prazo, explica Jacob Kirkegaard, especialista do Instituto Peterson de Economia Internacional.

Além disso, produzir e divulgar com investidores e analistas consome tempo e recursos. “Fazendo duas vezes por ano, os custos são reduzidos à metade”, afirma.

“O resultado pode não aparecer imediatamente na rentabilidade da empresa, mas certamente vai dar a executivos mais tempo para pensar em questões de longo prazo.”

Ele destaca que muitos países, como os da União Europeia, só exigem balanços de empresas a cada seis meses, o que colocaria os Estados Unidos dentro de padrões globais.

Dean Baker, economista do Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas, “think-tank” política econômica, diz que, muitas vezes, os relatórios trimestrais são manipulados.

Quem perderia com a mudança é o mercado financeiro, que terá dados menos atualizados para repassar às empresas, diz Kirkegaard. Isso poderia aumentar o risco de uma precificação incorreta de ações e, elevar a volatilidade.