João Borges/Divulgação

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) tornou-se recentemente palco de uma ocorrência de homofobia, na qual (possível e provavelmente) um estudante se valeu da emergência em saúde pública provocada pela varíola dos macacos e de desinformação para esbanjar ódio e preconceito numa mensagem escrita na lousa de uma das salas de aula da instituição.

O caso veio à tona após uma publicação nas redes sociais feita por estudantes, denunciando o episódio. A Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) também já está a par da situação, inclusive tendo cobrado providências por parte da PUC-PR, que se manifestou repudiando o ocorrido nesta sexta-feira (12), após a publicação da reportagem (confira abaixo a manifestação).

De tão ofensiva que é a mensagem, o Bem Paraná decidiu não reproduzir o inteiro teor de seu conteúdo. Basta citar que, de maneira bastante agressiva e preconceituosa, o autor do texto resolveu fazer uma “brincadeira” dizendo para homossexuais não manterem relações sexuais, pois pegariam com mais facilidade a varíola dos macacos.

A situação chamou a atenção, primeiramente, pela violência e agressividade de seu conteúdo. Mas também chocou pelos fatos de: (1) o autor da mensagem ser alguém que, em tese, deveria ter alguma instrução (já que ingressou no ensino superior); e (2) esse aluno estudar numa instituição que se propagandeia como sendo “plural” e que oferece uma formação não apenas profissional, mas também humana.

Entre a comunidade acadêmica de forma geral, a situação foi recebida em tom de repúdio, com diversos estudantes cobrando uma postura incisiva por parte da PUC-PR para reprimir esse tipo de ataque odioso.

“Tem câmeras [na universidade], né? Se a instituição não punir, é porque é condizente com a homofobia”, escreveu um aluno. “Inacreditável. Que triste vivenciar isso, ainda mais num ambiente acadêmico, onde esperamos um pouco mais de senso”, apontou outra estudante. “As pessoas da comunidade LBGTQIA+, além de respeito, merecem um lugar seguro para ser quem são, sem represálias. A faculdade deveria ser um desses lugares, até porque estamos nela para aprender não só sobre o conteúdo, mas sobre convivência e respeito”, cobrou ainda uma outra universitária.

Defensoria Pública entra em cena

O Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH) da Defensoria Pública do Paraná informou, por meio de nota, que encaminhou um ofício à reitoria da PUC-PR requisitando esclarecimentos sobre a mensagem homofóbica que teria sido colocada em uma sala de aula da instituição.

“A Defensoria tomou conhecimento do fato por uma página na rede social Instagram administrada por alunos da PUC-PR. A DPE-PR oficiou a instituição de ensino com o objetivo de verificar a veracidade dos fatos, já que tal mensagem configura crime de homofobia. Além disso, a DPE-PR também solicitou quais medidas a universidade tem tomado para combater a homofobia na instituição”, informou.

ATUALIZAÇÃO: PUC-PR repudia caso de discriminação

A universidade foi procurada ainda ontem (11/08) pelo Bem Paraná, por meio de sua assessoria de imprensa. A reportagem, além de questionar o posicionamento oficial da instituição sobre o episódio, também perguntou quais as possíveis punições ao responsável pela mensagem homofóbica; se o responsável pelo conteúdo já teria sido identificado ou em que pé está a apuração por parte da universidade; quais as possíveis punições ao responsável pelo texto; em qual curso ou bloco e turno das aulas a situação teria sido registrada; e quais as medidas que estão sendo tomadas para combater a homofobia na instituição.

Após a publicação da reportagem, a PUC-PR encaminhou uma nota ao Bem Paraná através de sua assessoria de imprensa, afirmando que a instituição repudia “casos de discriminação de qualquer natureza, os quais são incompatíveis com o ambiente plural de uma instituição de ensino superior”.

Ainda segundo a instituição por meio do Serviço de Apoio Psicopedagógico (SEAP) a Universidade desenvolve o programa “Garantia de Direitos e Proteção Social”, que busca garantir: um ambiente acadêmico saudável e seguro, onde as diferenças e diversidades são respeitadas e acolhidas; apoiar os estudantes em situação de vulnerabilidade, em virtude de risco pessoal e/ou social; e promover a defesa dos direitos humanos.
 
“Destaque-se que a reflexão e a conscientização sobre a diversidade são parte constante da proposta pedagógica da Universidade, bem como das ações de debate e atividades institucionais direcionadas aos acadêmicos e ao público externo. Sobre o episódio em questão, a Universidade está avaliando a situação a fim de tomar as medidas cabíveis”, informou a PUC-PR.

Confira a reportagem completa no Barulho Curitiba