RFPI e Centro Gamaleya – Vacina russa foi a primeira a receber registro no mundo

O Brasil não está longe de iniciar a produção de uma vacina contra a Covid-19. E pode ser ainda neste ano. O acordo entre o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF) e a farmacêutica União Química pode permitir que a empresa produza no Brasil, ainda neste ano, a vacina contra Covid-19 desenvolvida na Rússia. O Paraná também tem um acordo com o Fundo Russo para a produção da vacina.

O diretor executivo do fundo russo, Kirill Dmitriev, destacou que o processo de transferência de tecnologia já começou. A produção da vacina russa também deve ocorrer na Coréia do Sul, na China e na Índia, país em que os lotes também devem começar a ficar prontos neste ano.

A vacina russa contra a covid-19 é chamada de Sputnik V e está em desenvolvimento pelo Instituto de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya. A vacina utiliza a tecnologia de vetor viral, em que outro tipo de vírus é modificado e utilizado para transportar informações genéticas do novo coronavírus. Também funcionam dessa forma as vacinas da AstraZeneca/Oxford, da Johnson & Johnson e da Cansino.

No Paraná, o acordo entre o Fundo e o governo envolve o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), que está sendo preparado para a produção da vacina. Em nota, o Tecpar informou que está em fase de elaboração do protocolo de validação da fase 3 dos testes clínicos da vacina russa Sputnik V, sem mencionar uma data para início da produção do imunizante.

O grupo União Química planeja apresentar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os resultados dos testes clínicos da vacina russa no início de novembro, para solicitar o registro da vacina no Brasil. Segundo o presidente do grupo farmacêutico, Fernando de Castro Marques, técnicos russos chegarão ao Brasil na segunda quinzena de novembro para acompanhar a produção dos primeiros lotes em território nacional.

“Nós temos o contrato para sermos o produtor para o Brasil e para toda a América Latina. É evidente que, para isso acontecer, vai depender da Anvisa autorizar e validar todo o processo e conceder o registro da vacina”, disse o executivo em entrevista à Agência Brasil.

Outras vacinas

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse nesta segunda-feira (19) que, dentre todas as vacinas que estão em desenvolvimento e que estão sendo testadas contra o novo coronavírus, a vacina chinesa, chamada de CoronaVac, é a que se mostrou mais segura. Isso significa que ela não vem apresentando efeitos colaterais graves.

“A vacina Butantan é a mais segura em termos de efeitos colaterais. É a vacina mais segura neste momento não só no Brasil, mas no mundo”, disse Dimas Covas. Estudos feitos no Brasil com 9 mil voluntários da área da saúde, com idades entre 18 e 59 anos, vem comprovando os resultados de segurança que já haviam sido registrados em testes de fases 1 e 2 na China. No Brasil, apenas 35% desses 9 mil voluntários tiveram reações adversas leves após a aplicação da vacina, tais como dor no local da aplicação ou dor de cabeça. Não houve qualquer registro de efeito colateral grave durante a testagem.

Já o Ministério da Saúde aderiu no mês passado ao Covax Facility, que permitirá o acesso a, pelo menos, nove vacinas em desenvolvimento pelos laboratórios Inovio, Moderna, Curevac, ThemisMerk, Oxford/AstraZeneca, Novavax, Universidade Queensland, Clover e Universidade de Hong Kong.

Estudo
Nitazoxanida
O estudo clínico do Laboratório Nacional de Biociências sobre o uso do medicamento nitazoxanida em pacientes na fase precoce da Covid-19 demonstrou eficácia no tratamento da doença, reduzindo a carga viral das pessoas infectadas. O anúncio ocorreu durante cerimônia no Palácio do Planalto, na tarde de ontem.
A pesquisa foi iniciada pelo Laboratório Nacional de Biociências, em Campinas (SP), instituto vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Os estudos chegaram a cinco drogas, que foram para uma segunda fase, que era o teste in vitro feito com células humanas infectadas. Neste teste, o fármaco nitazoxanida, que é um vermífugo muito conhecido no país, apresentou 94% de capacidade de inibir a Covid.