SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Vaiado e chamado de mercenário pela torcida do Franca no jogo decisivo do NBB (Novo Basquete Brasil), no último dia 8, Anderson Varejão extravasou após conquistar o título pelo Flamengo no ginásio do adversário.
O rival de hoje também foi a casa do pivô de 36 anos no início da sua carreira, antes de ele se transferir para a Europa e, posteriormente, para a NBA. Por isso, torcedores do time paulista tinham a expectativa de que, quando o atleta retornasse ao Brasil, o faria na cidade conhecida como capital do basquete.
Não foi o que aconteceu. Depois de 14 temporadas na liga americana, Varejão escolheu o Flamengo em sua volta ao país, no ano passado. Assim, precisou lidar com o barulho e a pressão da torcida de Franca, que lotou os 5.000 lugares do ginásio Pedrocão no último jogo das finais do NBB.
A vibração foi um pouco diferente mesmo. Eu nunca tinha chorado num título e chorei nesse, por várias coisas: pela adrenalina que estava dentro de mim jogando contra Franca e por todos os episódios que aconteceram antes e durante as finais, ele afirma à reportagem.
Para Varejão, o currículo pesado e o passado vitorioso não alteraram sua emoção com a mais recente conquista. A entrega é sempre muito grande, independentemente da experiência que você tem. Não é porque eu fui campeão na NBA ou na Euroliga que esse título do NBB seria menor, diz.
Após 12 temporadas no Cleveland Cavaliers e duas no Golden State Warriors, o pivô retornou ao Brasil no início do ano passado. Assim como a equipe do Flamengo, ele passou por altos e baixos nesse período, mas enfim cumpriu o objetivo traçado.
Maior vencedora do NBB, com 6 títulos em 11 edições do campeonato, a equipe rubro-negra estava pressionada para voltar a levantar o troféu após passar duas temporadas em branco.
Cheguei a entrar em jogo sentindo muita dor e ir para o sacrifício, porque o objetivo final era ser campeão. Quando tudo isso acontece e no final você consegue um resultado positivo tão esperado, coloca para fora mesmo e comemora muito, explica.
Sob contrato até setembro com o clube carioca, o atleta não se alonga ao comentar o futuro. Renovação, troca de time dentro do país, uma nova incursão ao exterior ou até mesmo aposentadoria? Ele despista. Daqui a algumas semanas vou começar a olhar juntamente com os meus agentes qual será o meu destino.
Também em setembro, a seleção brasileira disputará a Copa do Mundo, na China. Presença constante nas convocações recentes do treinador Aleksandar Petrovic, Varejão é um dos líderes de uma equipe que mescla veteranos e novatos, por exemplo o ala Didi, 19, inscrito no draft da NBA.
Consciente das dificuldades que o time enfrentará, o pivô aposta na palavra que serviu como mantra durante toda a sua carreira: entrega.
A gente sabe que a seleção passa por uma fase de renovação. O mais importante é o grupo chegar bem e motivado, todo mundo sabendo o que tem que fazer para ser importante. A entrega tem que ser grande, porque não vai ser fácil, mas a gente está indo com a melhor das intenções possíveis, afirma.
Na primeira fase, os adversários brasileiros no Grupo F serão Grécia, do astro da NBA Giannis Antetokounmpo, Montenegro e Nova Zelândia.
Depois de passar 16 anos longe do basquete nacional e pouco mais de um ano após voltar a ele, Varejão enxerga evolução no nível técnico da modalidade no país.
Para ele, a confederação brasileira e a liga (responsável pelo NBB), entidades que já tiveram atritos recentemente, estão no caminho correto.
Espaço para melhorar sempre existe. A prioridade do basquetebol brasileiro deve ser o basquetebol brasileiro. Não vou me meter em como isso seria, mas a CBB e a liga vem apoiando bastante, então sabemos que pelo menos nisso estamos bem representados, diz.