Rodrigo Fonseca/CMC – Éder Borges (PSL): “escolha”

A Câmara Municipal de Curitiba aprovou nesta terça-feira (10), por 20 votos a 4, pedido do vereador Eder Borges (PSD) para que a prefeitura contrate um estudo técnico sobre a eficácia do suposto “tratamento precoce” contra a Covid-19. A proposta agora será encaminhada à prefeitura, que pode ou não aceitar a indicação do parlamentar.

Em recente audiência pública na Câmara, a secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, reafirmou que não há tratamento precoce contra a Covid-19. “Não tem, até o momento, apesar das pessoas insistirem com as bobajadas aí, nenhuma droga que seja eficaz, no mundo (contra a Covid-19). O que temos são vacinas”, disse ela. Segundo o Estudo Solidariedade, coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e envolvendo quase 13 mil pacientes em 500 hospitais de 30 países, em outubro de 2020, “os medicamentos remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir/ritonavir e interferon têm pouco ou nenhum efeito na prevenção de mortes por Covid-19 ou na redução de tempo que a pessoa passa hospitalizada”. Em janeiro, ao aprovar o uso de vacinas contra a Covid-19 no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária deixou claro que não existe tratamento precoce contra a doença.

Mesmo assim, o suposto tratamento foi defendido por Borges, conhecido por suas posições em defesa do presidente Jair Bolsonaro. “O tratamento precoce nada tem a ver com presidente Bolsonaro, com partido A ou B. Tem a ver com a liberdade de escolha, para que as pessoas que assim quiserem tenham acesso ao tratamento”, alegou ele, para quem as reações negativas ao tema são sinal da “triste ideologização de vidas no Brasil”. O parlamentar foi apoiado por Ezequias Barros (PMB), Pastor Marciano Alves (Republicanos) e Osias Moraes (Republicanos). Na véspera, a vereadora Sargento Tânia Guerreiro (PSL) havia se manifestado a favor do tratamento precoce. “Tenho usado ivermectina desde abril do ano passado”, também relatou Ezequias Barros, informando que toda sua família desenvolveu a Covid-19 e fez uso do tratamento precoce.

Negacionismo

As vereadoras Maria Leticia (PV) e Professora Josete (PT) criticaram a iniciativa. “(O kit) chega a ser contraindicado pela OMS, pelos centros de controle e prevenção de doenças dos EUA e da Europa e pela Sociedade Brasileira de Infectologia”, alertou Maria Letícia. “Não podemos ser exemplo de negacionismo, temos que ser exemplo de sensibilidade e de responsabilidade”, afirmou Josete.