SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A gestão Bruno Covas (PSDB) identificou risco de colapso do viaduto da pista expressa da marginal Pinheiros que cedeu na madrugada de quinta (15) e, diante do agravamento da situação, anunciou um esquema emergencial inédito de trânsito na cidade, já prevendo a possibilidade de os transtornos se prolongarem até mesmo por meses.

A marginal Pinheiros é a segunda via mais movimentada da capital paulista, com tráfego de 450 mil veículos diariamente nos dois sentidos.

Nesta sexta (16), as duas pontas do viaduto se movimentaram. "Existe a possibilidade de ruína? Existe. O momento agora é de criticidade", afirmou Vitor Aly, secretário de infraestrutura urbana.

Para ele, seria "leviano" criar falsas expectativas e fixar prazo para solução do problema.

O prefeito Covas disse ser impossível já determinar a forma de reparo da estrutura do viaduto –as causas da ruptura seguiam desconhecidas.

As medidas emergenciais adotadas no trânsito incluem ampliação de bloqueios na marginal, interrupção parcial na circulação de trens e mudança nas regras do rodízio.

O secretário dos Transportes, João Octaviano Neto, admitiu a tendência de saturação dentro dos bairros ao longo da marginal Pinheiros –a situação preocupa especialmente depois do feriadão.

A prefeitura decidiu interditar 20 km da pista expressa da marginal Pinheiros, no sentido Castello Branco, entre as pontes Transamérica e do Jaguaré (próximo de onde houve a ruptura do viaduto), sob argumento de que a interdição de um trecho curto provoca afunilamento -na quinta-feira, apenas 3 km estavam bloqueados.

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) anunciou a suspensão do rodízio de veículos neste trecho e sentido da marginal Pinheiros, a partir de quarta (21), por tempo indeterminado -devido ao feriado, a restrição já ficaria suspensa até terça (20).

Outra medida foi a interrupção de trens entre duas estações da linha 9-esmeralda, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Assim, a linha, que fica ao lado da marginal Pinheiros e liga o extremo sul da capital a Osasco, foi separada em duas.

A circulação de trens teve de ser paralisada entre as estações Pinheiros e Ceasa, pois o viaduto da marginal danificado passa sobre o trilho da linha neste trecho.

Teme-se que a trepidação da passagem dos trens possa comprometer a estrutura do viaduto, agravando o risco de total colapso da via elevada.

A linha 9-esmeralda é a segunda mais movimentada da CPTM, com cerca de 600 mil passageiros em dia útil, e se conecta a duas linhas de metrô e outra da própria CPTM.

Nesta sexta-feira, o passageiro da CPTM teve de descer nas estações Ceasa ou Pinheiros e pegar um ônibus gratuito, do sistema emergencial Paese, para seguir a viagem. Longas filas de passageiros se formaram, e os ônibus saiam lotados das estações.

Não há prazo para que a linha de trem seja liberada a funcionar, mas a gestão Covas diz que essa será uma prioridade. "Estamos tentando minimizar o transtorno para a população de São Paulo, que é garantir a segurança do transporte urbano", disse Aly.

Tanto o fechamento da pista expressa da marginal Pinheiros quanto a colocação de mais ônibus para suprir a falta dos trens da CPTM impactarão de maneira significativa o trânsito em São Paulo.

As áreas mais atingidas dentro dos bairros devem ser as vias da zona oeste, entre a marginal Pinheiros e o centro.

Um esquema especial irá orientar o trânsito nos eixos das avenidas Faria Lima, Pedroso de Morais, Professor Fonseca Rodrigues e a Doutor Gastão Vidigal. Essas avenidas servirão de alternativas à interdição na marginal.

Outra preocupação será com o retorno à capital paulista dos motoristas que passaram o feriado da República e que devem passar o feriado da Consciência Negra, na terça (20), fora da cidade.

A CET orienta que os motoristas vindos das rodovias Anchieta, Imigrantes e Régis Bittencourt peguem o Rodoanel e a rodovia Castello Branco até alcançar a marginal Tietê. Outras opções para quem vem do litoral são as avenidas do Estado e Salim Farah Maluf.