Franklin de Freitas – “Piana: u201cVice por projeto de governou201d”

O trânsito livre entre o empresariado paranaense foi o principal trunfo que garantiu ao economista e contador Darci Piana, aos 77 anos, a indicação para a vaga de vice na chapa do candidato do PSD ao governo, Ratinho Júnior. Até o início de agosto, ele disputava a vaga com pelo menos mais cinco nomes, mas acabou emplacando o posto apesar de ser da mesma legenda do titular. 

Empresário do setor automotivo que prosperou no ramo de atacado de peças de motores,  Piana começou a viajar pelo Paraná como representante comercial de vendas. As lojas foram vendidas e hoje sua renda vem de uma empresa de planejamento e assessoria econômica de investimentos imobiliários.

Nascido em Carazinho (RS), Piana veio para Palmas, no Sul do Paraná, no início da adolescência. Abriu mão de sua mesada aos 14 anos para trabalhar como entregador de pacotes na rodoviária da cidade. “Eu recebia o quarto do hotel, a comida e a roupa lavada, sem salário, para cuidar dos ônibus que faziam União da Vitória, Palmas e Pato Branco, e Francisco Beltrão. E aí, aqueles pacotes que vinham, eu passei a cobrar um carreto para entregar e comprei meu primeiro patrimônio, que foi uma bicicleta. Com isso comecei a minha vida. Depois vim a Curitiba, trabalhei em uma empresa que está até hoje aí, que chama-se Fasa, do ramo automotivo, onde começou a minha vida nesse segmento”, conta.

Após dois anos como gerente, montou sua própria empresa de representação. Isso fez com que viajasse ininterruptamente pelo Paraná por 14 anos para levar os mostruários, propostas e negócios de 16 empresas, sendo 12 multinacionais. “Eu achei que ia ficar rico, montei uma distribuidora, depois montei uma segunda distribuidora, e fui, por muitos anos, além de representante, distribuidor da MWM Motores, até pouco tempo atrás quando vendi”, revela.

Cargos – Ligado ao Sindicato das Concessionárias de Veículos, Piana assumiu pela primeira vez a presidência da Fecomércio ainda durante o governo Jaime Lerner (1995-2003). 

A entidade representa 547 mil empresas, 63% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e 3 milhões de empregos. Até abril deste ano, Piana exerceu três mandatos à frente da instituição e se desincompatibilizou do cargo para pleitear a vaga de vice na chapa de Ratinho Jr. Afirma que não pensou em outro cargo nas eleições. “Não (pensou em outro cargo). Sou vice por projeto de governo, no qual me parece que o Junior está muito preparado. É um guri novo, mas com um preparo extraordinário”, defende.

Sorte – O empresário conta que sua integração ao grupo político de Ratinho Jr começou com a amizade que tem com o pai do candidato, o apresentador de televisão Carlos Massa, o Ratinho. “Conheço o pai dele há muitos anos, do tempo que ele era radialista, na chegada dele aqui na capital, porque eu fui presidente do Paraná Clube e nessa época ele militava na imprensa e a gente tinha relacionamento. Coincidentemente, quando ele foi a São Paulo para fazer o primeiro contrato com o SBT, eu estava no avião na ida e na volta. Quando ele saiu do SBT e foi pra Record, coincidentemente o Piana estava de novo no avião na ida e na volta. No último contrato dele a coincidência foi tão grande que eu estava de novo no avião. Ele disse: ‘Piana, você me dá sorte’”, conta.

Plano inclui reverter aumento do ICMS
Os contantes apelos de Darci Piana como representante empresarial fizeram com que também se aproximasse de Ratinho Junior em razão da atuação parlamentar na Câmara Federal, Assembleia Legislativa e na Secretaria de Desenvolvimento Urbano, comandada pelo hoje candidato durante o governo Beto Richa (PSDB). “Defendo a tese de que o empresariado precisa de envolver politicamente neste País para ajustar as coisas”, afirma.
Piana afirma que seu engajamento político é fruto de sua atuação profissional. “Sempre fui uma pessoa muito expansiva, em função de ser um homem de vendas, sempre relacionado com pessoas. Tinha um relacionamento grande em função das empresas grandes que a gente (eu) representava. Tinha esses contatos de empresas estrangeiras, com toda essa capacidade técnica acima daquilo que a gente estava acostumado. Fui aprendendo com isso e consegui o meu relacionamento, e chegar à presidência da Federação”, ressalta.
Questionado sobre sua principal proposta ao Executivo, no entanto, deixa escapar a mais recente insatisfação, quando durante o governo Beto Richa, em 2015, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, reajustou a alíquota do ICMS para 90 mil itens. “É, infelizmente seja alguém aí como aconteceu como nosso secretário penúltimo (Mauro Ricardo Costa) que acabou passando de 12% para 18% e isso encareceu nossos produtos e nós ficamos diferenciados de outros estados que estão vindo vender dentro do Paraná prejudicando nossas empresas”, lamenta.
Um dos trunfos que faz com que Piana tenha apoio do “mercado” é a garantia que de caso assuma volte a aplicar as alíquotas praticadas no governo Roberto Requião (2003-2010). “Os 90 mil itens, de redução de 18% para 12%, que já foi implantado a pedido da nossa própria federação no governo anterior (Roberto Requião), seria um projeto que já foi dada as informações ao mercado que nós faríamos uma mudança para ajudar as pequenas e médias empresas”, conta.