SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, aceitou renunciar tão logo conclua uma lista de precondições para deixar o cargo, afirmou na noite desta terça (6) o jornal sul-africano “Times” em sua versão on-line, citando fontes envolvidas no debate.
A decisão seria fruto de um acordo entre Zuma e Cyril Ramaphosa, seu vice e atual líder do CNA (Congresso Nacional Africano), o partido governista. O presidente havia convocado uma reunião de emergência de seu gabinete para esta terça (6) em meio à pressão da legenda para que ele deixe o cargo, mas adiou o encontro após o acordo.
Zuma, 75, está envolvido em uma série de escândalos de corrupção, o que deu início ao movimento para tirá-lo do cargo -seu segundo mandato, iniciado em 2014, acaba em 2019.
O Parlamento sul-africano aceitou também nesta terça um pedido feito pela oposição para que o Discurso sobre o Estado da União que Zuma faria na quinta (8) fosse adiado.
O pronunciamento será remarcado para depois do dia 22, quando a Casa deve votar uma moção de desconfiança contra o presidente, o que pode tirá-lo do cargo que ocupa desde 2009.
CRISE
No domingo (4), líderes do CNA (Congresso Nacional Africano), partido de Zuma, se encontraram com o presidente em sua residência para discutir o futuro político da África do Sul.
Segundo a imprensa local, Zuma recusou na ocasião um pedido para que renunciasse, o que levou à reunião desta terça, agora adiada.
Eleito em 2009 e reeleito cinco anos depois, Zuma vem perdendo poder desde o início dos escândalos de corrupção e vive em queda de braço constante com Ramaphosa.
As principais denúncias contra o presidente envolvem uma série de reformas feitas em sua casa e pagas com dinheiro público e sua ligação com os Gupta, influente família que é acusada de subornar diversas autoridades sul-africanas.
Em dezembro de 2017, a candidata apoiada por Zuma, sua ex-mulher Nkosazana Dlamini-Zuma, perdeu por margem estreita a disputa pela liderança do CNA. À frente do partido majoritário, Ramaphosa já era o favorito para substituir Zuma no comando do país em 2019.
Parte da cúpula do CNA teme que a derrocada da popularidade do atual presidente prejudique a legenda hegemônica nas próximas eleições, abrindo espaço para a oposição, e por isso quer que ele deixe o cargo.
A sigla, que tem como maior símbolo o ex-presidente Nelson Mandela (1918-2013), comanda o país desde o fim do apartheid, em 1994.
Em 2016, o presidente Zuma chegou a enfrentar uma votação de impeachment, mas obteve vitória.