O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (30) o início da Campanha Nacional de Multivacinação com o maior desafio dos últimos anos: fazer com que os índices de imunização de crianças e adolescentes contra várias doenças voltem a ficar acima de 90% e frear a queda verificada desde 2015. O Dia D de mobilização será no terceiro sábado do mês, dia 16 de outubro. A campanha começa nesta sexta-feira (1) e 18 tipos de vacinas serão aplicadas em 45 mil postos em todo o país.
No Paraná, no ano passado, a cobertura das nove principais vacinas destinadas a crianças e adolescentes foi inferior a 90%, o índice considerado ideal, segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa). Além disso, o índice de oito delas foi menor que o registrado em 2019. O menor índice foi o do imunizante contra a febre amarela, com 75,97%. Neste caso, a taxa de aplicação foi 15,6% menor que o índice considerado ideal. A cobertura foi de 83,19% em 2019
A única cobertura que cresceu no Paraná em 2020 em relação ao ano anterior foi a da vacina pentavalente, de 79,03% para 87,99%.
No mesmo caminho, o Brasil teve 75% de cobertura vacinal, segundo levantamento do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), relativos a 2020. Foi o pior índice desde 2015, quando começou a ser observada a queda que levou o país de volta aos patamares da década de 1980. Em 2015, a cobertura nacional de vacinas foi de 97%; caiu para 88% no ano seguinte e para 87% em 2017. Após se recuperar em 2018, com uma cobertura de 90%, o índice voltou a cair em 2019, para 84%.
Também houve quedas nas aplicações da BCG no Paraná, de 91,19%, em 2019, para 88,52% no anos passado; da meningocócica (92,93% para 88,49%); da pneumocócica (92,38% para 89,53%); da vacina contra a poliomielite (89,69% para 86,02%;) o imunizante contra o rotavírus (90,8% para 87,11%), da primeira dose da tríplice viral (91,99% para 85,0%) e da segunda dose do mesma vacina (90,67% para 79,89%).
Os órgãos de saúde atribuem a queda à influência de notícias falsas a respeito dos imunizantes, à atuação de grupos antivacina e também à eficácia da vacinação — com a erradicação das doenças, a tendência é que as pessoas passem a relaxar e ignorar o calendário de vacinação. A redução verificada no ano passado também pode ter relação com a pandemia do coronavírus, avalia a Sesa.
A secretaria confirma que os baixos índices de imunização podem levar ao reaparecimento de doenças, como o verificado com o sarampo — em julho do ano passado, a Sesa identificou um novo caso no estado, quando estava a 90 dias de declarar o fim do surto da doença.
Durante o lançamento da campanha, em Brasília, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, atribuiu a queda na cobertura ao “desconhecimento sobre a importância da vacina, às fake news, aos movimentos antivacinas e ao medo de eventos adversos”. Ele avaliou ainda que os horários de funcionamento das unidades de saúde muitas vezes são incompatíveis com as novas rotinas da população.
Pandemia — A secretária de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, avalia que a cobertura de algumas vacinas de rotina caiu por causa da pandemia. “Embora as vacinas de rotina estivessem sempre disponíveis nas unidades, algumas pessoas tiveram receio em buscar. Com a melhora dos indicadores da pandemia, nós esperamos que agora compareçam para colocar em dia o calendário de vacinação, que, porventura, esteja em atraso”.
A orientação da Secretaria Municipal da Saúde é que os pais ou responsáveis acessem a Carteira de Vacina Virtual dos filhos pelo aplicativo Saúde Já Curitiba ou pelo site saudeja.curitiba.pr.gov.br, para verificar se há vacinas em atraso. Caso tenha, deve-se buscar uma unidade de saúde para vacinação.
Campanha — A Sesa já enviou 1.235.186 imunizantes para os municípios. Segundo a Sesa, o estado terá 1.435 salas de vacinas públicas para a aplicação das doses, entre Unidades Básicas de Saúde (UBS), Estratégia de Saúde Familiar (ESF), postos, departamentos e centros de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Em Curitiba, as vacinas estão disponíveis em 88 unidades de saúde (a lista está disponível no site da prefeitura).
CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO (CRIANÇA)
Vacina | Doses | Idade |
BCG (tuberculose) | Dose única | Ao nascer |
Hepatite B | Dose única | Ao nascer |
Penta (tétano, hepatite b, | ||
coqueluche, difteria e meningite) | 3 doses | 2, 4 e 6 meses |
Pneumocócica (pneumonia) | 2 doses e reforço | 2, 4 e 12 meses |
Poliomielite (VIP) | 3 doses | 2, 4 e 6 meses |
Rotavírus (VHR) | 2 doses | 2 e 4 meses |
Meningocócica C (meningite) | 2 doses e reforço | 3, 5 e 12 meses |
VOP (Oral Poliomielite) | 2 doses de reforço | 15 meses e 4 anos |
Febre amarela | 1 dose e reforço | 9 meses e 4 anos |
Tríplice (sarampo, rubéola e caxumba) | 1 dose | 12 meses |
Tetraviral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela) | 1 dose | 15 meses |
Hepatite A | 1 dose | 15 meses |
DTP (difteria, tétano e coqueluche) | 2 doses de reforço | 15 meses e 4 anos |
Varicela | 1 dose | 4 a 6 anos |
HPV quadrivalente | 2 doses | 9 a 14 anos |
HPV | 2 doses (mulheres) | 9 a 14 anos (mulheres), |
e 3 doses (homens) | 11 a 14 anos (homens) | |
dT (tétano para adultos) | Reforço | A cada 10 anos |
Febre amarela | Dose única | 5 a 15 anos |
Tríplice (sarampo, rubéola e caxumba) | 2 doses | Até 15 anos |
Hepatite B | 3 doses | Universal |
dTpa (difteria, tétano e pertussis) | 1 dose | Gestantes a partir da 20 semana |
Meningocócica (meningite) | Um reforço ou dose única | 11 e 12 anos |
Saiba
Covid-19
Adolescentes que tenham se vacinado contra a Covid-19 podem tomar outras vacinas do calendário sem precisar esperar um intervalo mínimo. A orientação foi oficializada pelo Ministério da Saúde em uma nota técnica. “Pedimos aos pais e responsáveis que levem as crianças com a carteirinha até um posto de saúde mais próximo da sua residência e coloque a imunização em dia. Vacinas salvam vidas”, disse o secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto.