Mais de 90 mil imigrantes de 160 países diferentes residem no Paraná; confira as localidades de onde eles vieram

O número de estrangeiros deixando seus países em busca de uma nova vida no Paraná está em alta. Segundo dados da Polícia Federal (PF), extraídos do Sistema de Registro Nacional Migratório (SisMigra), ao longo do último ano o contingente de imigrantes com registro ativo como residentes no estado avançou 10,5%, passando de 81.665 em outubro de 2022 para 90.259 em outubro de 2023. No período analisado, houve crescimento principalmente no fluxo de venezuelanos, haitianos, paraguaios e argentinos vivendo no território paranaense.

Segundo a PF, o SisMigra é um sistema de informações que reúne dados sobre a gestão da concessão de residência, seja para residentes, temporários ou fronteiriços, além do número de registros ativos de imigrantes (ou seja, de pessoas que obtiveram, efetivamente, a Carteira de Registro Nacional Migratório).

No caso do presente levantamento, foram considerados apenas os registros ativos daqueles que obtiveram residência (registros com previsão de estada de mais longa duração) e declararam viver no Paraná. O número de imigrantes no estado, entretanto, seria ainda maior se considerados também os temporários (registros de entradas tipicamente de curta duração), os fronteiriços (registros para residentes na fronteira, com permissão de acessar o mercado de trabalho, comércio e serviços no Brasil, nas cidades contíguas aos limites territoriais) e os refugiados.

Feita essa explicação preliminar, vamos aos dados.

Analisando-se o continente de origem dos imigrantes residindo no Paraná, temos os países da América do Sul em destaque no levantamento: são 38.830 imigrantes sul-americanos no estado, quase o dobro do número de estrangeiros oriundos da América Central (20.473). Na sequência, aparecem ainda os imigrantes europeus (13.240), asiáticos (12.943), africanos (2.544), norte-americanos (1.979) e oceânicos (114). Além deles, há ainda 133 apátridas (pessoas que não têm sua nacionalidade reconhecida por nenhum país) e outros três imigrantes cuja origem não foi informada.

Já com relação aos países de onde essas pessoas vieram, os principais destaques são Haiti (na América Central), Venezuela (na América do Sul) e Paraguai (também na América do Sul), que juntos reúnem 44.783 imigrantes no estado, quase metade (49,6%) do total de estrangeiros com registro ativo como residentes no Paraná. Ao todo, são 19.108 haitianos; 15.574 venezuelanos; e 10.101 paraguaios. Na sequência, aparecem ainda os argentinos (5.836), portugueses (3.980), libaneses (3.269, chineses (3.258), japoneses (3.212), colombianos (2.256) e italianos (1.759).

A quantidade de etnias presentes no Paraná, contudo, vai muito além dessa lista de 10 países com mais imigrantes: ao todo, há pessoas de 167 localidades diferentes, entre países, territórios chineses (como Hong Kong e Macau) e até mesmo Estados já extintos – casos da Iugoslávia (um país que existiu na região dos Bálcãs na Europa durante a maior parte do século XX), de Sérvia e Montenegro (um país do sudeste da Europa localizado nos Bálcãs que existiu de 1992 a 2006, após a dissolução da República Socialista Federativa da Iugoslávia), da União Soviética (um Estado Socialista localizado no norte da Eurásia que existiu entre 1922 e 1991) e do Vietnã do Norte (Estado que existiu entre 1945 e 1976, quando o país foi reunificado e se tornou a República Socialista do Vietnã).

Os que mais imigraram e o trágico caso do Iêmen
Entre outubro de 2022 e o mesmo mês de 2023, conforme já citado, o número de imigrantes com registro ativo como residentes no Paraná teve um acréscimo de 8.604 (+10,5%), passando de 81.655 para 90.259. E esse crescimento se deu, principalmente, por conta da imigração de pessoas oriundas de países latino-americanos e caribenhos, como Venezuela (+4.956), Haiti (+1.549), Paraguai (+890) e Argentina (+612) e Colômbia (+255).

Por outro lado, o número de imigrantes originários de algumas localidades na Europa e na Ásia teve queda, com especial destaque para os casos de Japão (-142), Portugal (-109), Líbano (-55), Itália (-52) e Bangladesh (-50).

Merece ainda uma atenção especial o caso do Iêmen. Isso porque, em outubro de 2022, haviam apenas 20 imigrantes do país asiático vivendo no Paraná. Já no mesmo mês deste ano, esse número chegou a 57 imigrantes, um crescimento de 185%.

Desde 2014 o país convive com uma Guerra Civil, que envolve o governo internacionalmente reconhecido daquele Estado e o movimento houti, formalmente conhecido como Ansar Allah (ou Apoiadores de Deus) e que segue uma corrente do islamismo xiita conhecida como zaidismo. Além de milhares de mortos (mais de 200 mil), o conflito agravou problemas como a pobreza e a fome, ao ponto de quase 500 mil crianças iemenitas com menos de cinco anos sofrerem de desnutrição aguda grave, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).