Divulgação – Austin Butler como Elvis Presley na cinebiografia do astro: ele recebeu elogios até da viúva do cantor

‘Elvis’, que estreia hoje nos cinemas de Curitiba, é um filme que demorou par sair. O filão de biografias de cantores famosos foi aberto com ‘The Doors’, de Oliver Stone, de 1991, e teve mais duas ondas. Uma ocorreu na década passada, época em que saíram as cinebiografias do gênio Ray Charles (‘Ray’, de 2004) e do rebelde Johnny Cash (‘Johnny e June’, de 2005). A outra, mais recente, traz ‘Bohemian Rhapsody’ (de 2018), sobre a vida de Freddie Mercury, o lendário vocalista do Queen, e ‘Rocketman’ (2019), com a vida de Elton John. Dito isso, o que poderia explicar não existir um filme de Elvis Presley, o rei do rock?

Agora acabaram as desculpas. ‘Elvis’, dirigido pelo australiano Baz Luhrmann, estreia depois de uma boa recepção no Festival de Cannes. Luhrmann tem experiência com musicais — são dele ‘Vem Dançar Comigo’, de 1992, e ‘Moulin Rouge’, de 2001 — e com filmes de época — como ‘Austrália’ (2008) e ‘O Grande Gatsby’ (2013). Além disso, gosta de imprimir uma certa extravagância em suas obras. Soa ideal para Elvis Presley.

Claro que, para o filme dar certo, era preciso alguém ideal no papel de Elvis. Ansel Elgort (de ‘Amor, Sublime Amor’), Miles Teller (de ‘Whiplash’) e até o cantor Harry Styles (ex-One Direction) chegaram a ser cotados. Não e pode negar que tinham experiências com o mundo musical. O escolhido foi Austin Butler, que contabiliza papéis em séries adolescentes, como ‘Hannah Montana’ e ‘iCarly’. Sua escalação gerou desconfiança. Até Butler admitiu ter dúvidas se seria capaz, por não se achar tão parecido assim com Elvis Presley. Mas ele acabou aprovado e até elogiado pela viúva do cantor, Priscilla Presley. “Depois de ver, ela me disse que ele capturou cada movimento, sim, mas principalmente a alma e a humanidade de seu marido”, disse Luhrmann.

Butler tem a responsabilidade de viver todas as fases de Elvis. Aquela fase em que ele se veste de branco e usa costeletas grandes – exatamente a fase em que há mais imitadores – é a do fim da carreira do astro. O filme de Luhrmann cobre toda a trajetória do cantor, desde a infância pobre até a morte aos 42 anos, ocorrida em 16 de agosto de 1977. Mas o filme não se focaliza apenas em Elvis. Traz também a relação polêmica com o empresário Tom Parker (interpretado por Tom Hanks).

Elvis virou o Rei do Rock não apenas porque cantava bem ou dançava bem, ou porque fazia movimentos ousados com os quadris em tempos antes da revolução sexual. Mas também porque ele, como cantor branco, criou uma ligação com grandes músicos negros do sul dos Estados Unidos. Essa ponte até então não existia. O que existia era uma época de segregação racial. Além desse recorte histórico, o filme procura “despir” o ícone Elvis e focalizar na pessoa Elvis, inclusive retratando sua perda de inocência durante a carreira como cantor.

Para Butler, uma boa notícia: nas cinebiografias de músicos do rock, são grandes as chances de premiação. Jamie Foxx (Ray Charles) e Rami Malek (Freddie Mercury) ganharam Oscars por seus papéis. Joaquin Phoenix (Johnny Cash) foi indicado. Ao menos por enquanto, já se cogita uma possível indicação ao Oscar para Butler, que, no filme, está bem além de uma simples “imitação” do astro. E Elvis, para todos os efeitos, foi possivelmente o maior dos astros da música. Aliás, para uma cinebiografia que demorou para sair, é quase poético que a estreia seja exatamente na semana do Dia do Rock (que foi ontem).

Elvis, o original, e Butler: muito além da imitação