Interdição, fuga, furto e más condições sanitárias são os termos relacionados no Google à pesquisa pela Delegacia de Polícia Civil de Almirante Tamandaré, na Vila Rachel. Esses vocábulos levam em conta uma trajetória comum a locais ainda improvisados no Estado, que cresceram às pressas, incapazes de fazer atendimento adequado ao público diante da exigência desse século.
A solução definitiva para esse dilema é a base conceitual do projeto da Delegacia Cidadã do município, que atingiu 85% de execução em setembro. As obras iniciaram em outubro de 2019 e estão previstas para acabar ainda neste ano. O investimento é de R$ 4,1 milhões.
“Há muitos anos a população de Almirante Tamandaré reivindica essa nova estrutura. Estamos investindo muito em segurança pública porque a ideia é avançar cada vez mais na defesa do cidadão paranaense e na garantia do atendimento adequado”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Essa Delegacia Cidadã é fruto de um esforço continuado do Governo do Estado por espaços de atendimento mais dignos, amplos, arejados e modernos”.
Segundo o secretário de Segurança Pública, Romulo Marinho Soares, a obra será entregue em um bom momento porque acompanha a redução nos índices de violência em Almirante Tamandaré e no Estado. Em 2019, houve queda de 16% nos homicídios do município e 9,8% no Paraná, por exemplo. “Estamos investindo em treinamento, equipamentos, preparação e novas estruturas para a segurança pública. Esse conjunto dá resultado porque aproxima as polícias da população”, completa.
O atual prédio foi entregue para a Polícia Civil na década de 1980, conta com três cartórios, sala do delegado, um pequeno espaço de atendimento para apenas cinco pessoas sentadas e uma carceragem que foi interditada por decisão do Judiciário. O mobiliário também é antigo, datado, e salas não contam nem com ar-condicionado.
“A diferença é o ambiente de trabalho dos policiais, a qualidade de atendimento para as pessoas. Não há nada pior do que ser vítima e encontrar estrutura inadequada ao procurar o Estado, e nem para o policial trabalhar em ambientes ruins, acanhados, e com presos sem data para sair”, destaca o delegado-geral da Polícia Civil do Paraná, Silvio Rockembach. “É outra energia para acolher a população, para as equipes de investigação. É uma transformação que atende um pleito de décadas”.
A mudança para o novo prédio representa o fim dessa trajetória de disputas judiciais, espera na chuva, arames farpados fora das janelas e veículos apreendidos estacionados de maneira inadequada na paisagem. Será um ambiente mais digno para o delegado, quatro investigadores, dois escrivães, quatro plantonistas, estagiários e funcionários do Poder Judiciário que desenvolvem um trabalho de rede de proteção às vítimas em Almirante Tamandaré. Essa equipe foi responsável por 282 flagrantes, 91 termos circunstanciados e 407 medidas protetivas entre janeiro e agosto deste ano.