Ale Maya/Divulgação

Três homens em três momentos distintos da vida são conduzidos por uma linha da vida invisível, o tempo, na peça O Pêndulo, em cartaz no Portão Cultural, auditório Antônio Carlos Kraide, em Curitiba, até 7 de agosto. O espetáculo coloca em evidência o encontro de artistas dessa cena que estava entocada por dois anos e agora mostra o que cozinhou esse tempo todo. Foi coisa boa.

Os personagens vividos pelos atores Ranieri Gonzales, Thadeu Peronne e Cicero Lira nos conduzem pela passagem de segundos não de uma forma fácil: os momentos ali vividos são marcados por alegrias e, sobretudo, tristezas, porque a vivência humana não é permanente e sim permeada de altos e baixos. De repente, o acidente e a morte, momento alto da apoteose teatral, toma conta de tudo e estamos diante da finitude do tempo, da nossa extinção e do fim, em um momento da peça em questão que está deslocado, no meio do tempo do teatro. O que nos lembra que os momentos e as fases da vida nem sempre têm início, meio e fim.

A mensagem de O Pêndulo não poderia ser mais clara em tempos em que não vemos as horas passarem em alguns dias, mas em outros elas se arrastam. Assunto forte e caro às artes, a transcendência do tempo, no cutucante texto de Luiz Carlos Pazzelo, movimenta, literalmente, a plateia, fazendo com que interaja e “viaje” junto com os personagens vividos por distintas fases da vida. O que nos provoca a pensar: por que, afinal, a questão do tempo mexe tanto com nossos sorrisos e lágrimas?

Sim, ainda é possível inovar

Tem quem vá ao teatro em busca de novidades, mas fica a pergunta: há algo de novo debaixo do Sol? Pelo jeito sim, a julgar pela invenção de Silvia Monteiro com cenografia de Paulo Vinícius, que divide palco e plateia em três espaços e nos leva a viajar no momento.

Essas figuras veteranas da cena curitibana trazem um sopro de memória e de esperança às plateias, que foram de casa cheia. Que venha o futuro!