Vários seriam os elementos articuladores da Teologia, pois seu discurso envolve uma pluralidade de instâncias. (Imagem: Pixabay)

O tema de estudo da Teologia se ocupa diretamente com a sua forma, seu processo, sua prática. O teologizar, a “teologiz-ação” é, portanto, um ato não apenas teórico, mas prático, conforme aponta o maior manual existente sobre o tema aqui no Brasil, a Teoria do Método Teológico, do frei Clodovis Boff.

A Teologia enquanto ciência põe em estudo os elementos articuladores da teologia (itens de dicionário) e as regras de como esses elementos se articulam (assim como é a nossa gramática).

Vários seriam os elementos articuladores da teologia: Fé, Escritura, Igreja, Senso dos Fiéis, Tradição, Dogma, Prática, Magistério, Prática, Outras teologias, Filosofia e Ciências, Linguagem e Razão. Isto se dá pelo fato de que o discurso teológico envolve uma pluralidade de instâncias.

Quanto às regras de articulação da teologia, o autor descreve que essas deverão estabelecer como os elementos articuladores se combinam dentro do processo teológico e seguindo etapas. Pois, é necessário, para se fazer teologia, seguir um percurso.

Sendo assim, é importante ressaltar que, de acordo com o autor, a fé deve ter a primazia absoluta na teologia, a Bíblia deve ser o primeiro testemunho a ser ouvido, a Razão deve estar a serviço do dado revelado, a Linguagem deve ser a de analogia, pois somente ela se adequaria ao Mistério. Fundamentalmente, trata-se de seguir as seguintes etapas: escuta dos testemunhos da fé, aprofundamento racional dos testemunhos e, por fim, atualização em nosso contexto histórico.

Para aprender teologia, como para toda “arte”, há três caminhos apontados por Clodovis Boff: assimilar as regras da prática teológica, seguir o que fazem os teólogos, exercitar por própria conta a prática teológica. E, a partir disso, sua metodologia compreende quatro níveis para que se possa assimilar o primeiro item (regras da prática teológica):

  •        as técnicas referentes aos recursos da teologia e ao modo de seu uso;
  •        o método propriamente dito, relativo às etapas do procedimento teológico;
  •        a epistemologia, ou seja, a reflexão crítica das bases do método teológico;
  •        o espírito teológico, que é o que anima em profundidade o interesse por conhecer os mistérios divinos.

 

Assim sendo, no estudo teológico, é importante utilizar-se o método teológico sem fazer uma redução dele, ou seja, analisá-lo em toda a sua amplitude, que é o que requer o conteúdo transcendente da fé.  Clodovis Boff aponta ainda que, uma vez que o mesmo conteúdo da fé requer, em sua concretude “a preferência pelos pobres”, resulta que o método teológico deverá necessariamente vir marcado por essa inflexão particular.

Como a ação de se fazer teologia com a opção preferencial pelos pobres é muitas vezes algo polêmico, mesmo sendo uma mensagem contida no Evangelho e tantas vezes tão debatida. Como essa consciência pode influenciar e contribuir para um trabalho de renovação do fazer teológico? Isto é utopia ou uma possibilidade?  Qual a sua opinião? Escreva para nós! Gostou deste artigo? Compartilhe-o em suas redes sociais, para que mais pessoas possam conhecer nosso blog. 

 * Ana Beatriz Dias Pinto, é comentarista convidada do blog e nos traz reflexões sobre temas atuais e contextualizados sob a ótica do universo religioso, de maneira gratuíta e sem vínculo empregatício, oportunizando seu saber e experiência no tema de Teologia e Sociedade para alargar nossa compreensão do Sagrado e suas interseções. 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BOFF, Clodovis. Teoria do método teológico. 6 ed. Petrópolis: Vozes, 2015. P.12-24.