
Pelo menos 353.670 trabalhadores de Curitiba têm índice de risco de contaminação com coronavírus superior a 50%, porque exercem atividades profissionais que não pararam durante a pandemia ou têm contato mais direto com a doença. O grupo abrange 42% dos 851.913 trabalhadores da cidade. Os dados são pesquisa do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFPR), que mapeou as atividades profissionais e o índice de risco de contaminação dos trabalhadores brasileiros pelo covid-19. Fazem parte deste grupo de trabalhadores, os profissionais da Saúde, vendedores varejistas, policiais, operadores de caixas, empregados do transporte coletivo, entre outros.
O mapeamento contempla 2.539 ocupações e abrange todo o país. É dividido em 13 grupos ocupacionais, de profissionais da agropecuária e pesca aos do setor de transportes. Esse último, segundo o estudo, concentra uma grande quantidade de profissionais com risco de infecção, a exemplo dos 350 mil motoristas de ônibus urbanos e rodoviários, cujo índice de risco é superior a 70%.
De acordo com o estudo, 2,6 milhões de profissionais da área de Saúde do Brasil apresentam risco de contágio acima de 50%. Dentre eles, os mais vulneráveis são os técnicos em saúde bucal, um total de 12.461 profissionais com 100% de risco de contágio em função do ambiente e da proximidade física com os pacientes.
Vendedores varejistas, operadores de caixas, entre outros profissionais do comércio que, juntos, somam cerca de 5 milhões de trabalhadores no país apresentam, em média, 53% de risco de serem infectados pela COVID-19. Antes da maioria das categorias de professores, estão outros profissionais como cuidadores de idosos (77%), profissionais do sexo (77%), agentes de proteção da aviação civil (76,67%) e vigias portuários (76,67%). Na mesma faixa dos docentes, estão ainda os policiais rodoviários (76%), banhistas de animais domésticos (74,67% – mesmo índice de esteticista e tosador de pets), cabeleireiros e maquiadores (ambos com 73,33%) e intérpretes e tradutores com 73% de risco de contágio.
Os trabalhadores menos vulneráveis são os que exercem atividades de forma quase solitária, com destaque para os 14.215 operadores de motosserra, cuja maioria trabalha nas áreas rurais e apresenta risco de 18%. Outros menos prováveis de serem infectados, com média de 19%, são roteiristas, escritores, poetas e aqueles que fazem parte do grupo que realiza trabalhos voltados para o setor artístico e intelectual.
Como foi feito o estudo
O pesquisador Yuri Lima, do Laboratório do Futuro, coordenado pelo professor Jano Moreira de Souza, explica que aplicou no estudo a mesma metodologia usada nos Estados Unidos pelo New York Times, baseada na O*NET (base de dados sobre emprego, mantida pelo U.S. Department of Labor, o Ministério do Trabalho americano), adaptando-a aos dados disponibilizados pelo governo brasileiro. Para avaliar o risco causado pelo coronavírus, os especialistas utilizaram três variáveis da O*NET sobre o contexto de trabalho das ocupações, com foco nas consequências do coronavírus. “Fiz uma adequação à realidade brasileira, usando como base a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho, e a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério da Economia”, detalha Yuri.
O estudo mapeou 11 cidades da Grande Curitiba
Total Trabalhadores Com risco Porcentual
CURITIBA 851.913 353.670 42,00%
CAMPINA GRANDE DO SUL 8.717 3.707 43,00%
PIRAQUARA 7.911 3.965 50,00%
CAMPO LARGO 28.505 10.656 37,00%
FAZENDA RIO GRANDE 16.192 5.996 37,00%
ALMIRANTE TAMANDARÉ 11.869 4.128 35,00%
COLOMBO 38.917 13.702 35,00%
PINHAIS 41.952 12.686 30,00%
ARAUCÁRIA 41.957 12.278 29,00%
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 90.988 25.976 29,00%
QUATRO BARRAS 8.438 2.010 24,00%
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