Nós brasileiros deveríamos carregar no bolso uma cópia da entrevista à Veja do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, em que ele defende o corte dos laços de dependência do cidadão com o Estado. E não é apenas retórica ou licença poética. O que Fraga reforça, na prática, é que por força da mentalidade ibérica adubada no país, criou-se um círculo de apadrinhamento, subsídios e esmolas que tem submetido os brasileiros a um servilismo perpétuo.
Fala-se no Bolsa-Família, por exemplo, como a panacéia contra a chaga da miséria, quando na realidade é o resultado de um triste cenário que junta desemprego, deseducação e desesperança.
O antídoto deveria ser uma política econômica voltada para o desenvolvimento, mas o que se vê é o contraponto do estado obeso, o empazinamento da máquina pública, o balofismo da distribuição de cargos na medida da gula de partidos e governantes, além dos acordos espúrios que cercam as administrações.
Não por acaso, Lula vetou o corte no Orçamento dos gastos públicos e recusou-se, ainda durante a campanha, a enxugar os ministérios. Foi graças a esse aparelhamento do estado, aliás, – aliada à sua inegável condição de líder popular – que ele obteve a renovação do mandato.
No mesmo caso, insere-se o governador do Paraná, Roberto Requião. Ainda que tenha obtido a vitória sobre Osmar Dias (PDT) por margem apertadíssima, foi o misto de distribuição de cargos e programas assistencialistas que garantiu a ele e aos seus (o que inclui a risonha família) a continuidade no comando do estado.
Claro que os reflexos dessa política já são visíveis a olho nu. A economia capenga na corrupção e na incompetência, o PIB vai de mal a pior e as perspectivas de desenvolvimento do estado e do país são cada vez mais sombrias.
O que nos aguarda? Numa visão otimista, um crescimento que beire os 5% ao ano profetizado por Lula. Numa visão pessimista, o surgimento de um clone de Hugo Chávez disposto a proibir árvores de Natal, por representar um simbolismo norte-americano, e se perpetuar no poder. Ó vida.

Tô fora
O deputado Max Rosenmann pensou, pensou e acabou declinando do convite para assumir a Secretaria de Transportes do estado. Resta a dúvida de quem se livrou do abacaxi: Rosenmann ou o Paraná?

Nepotes cá
Requião reforçou o convite para que Hugo Chávez visite novamente o Paraná. Além do populismo boquirroto, os dois têm em comum o hábito de guindar parentes em postos-chave da administração.

Nepotes lá
Chávez, por exemplo, acaba de nomear o irmão Ministro da Educação. Tudo a ver mesmo.

Eu te disse
As demissões em massa na CNT reforçam a notícia já publicada neste espaço de que o empresário Nelson Tanure deve assumir o controle total da rede.

Top Secret
Uma reunião entre Beto Richa e a bancada aliada de vereadores, hoje no Meio Ambiente, deve oficializar as mudanças no secretariado da prefeitura.

Quase
São dados como certos os nomes de Manassés de Oliveira, do PPS, na nova pasta do Trabalho, e de Rui Hara, do PSDB, no Abastecimento.

Olha nós aí
Caso as indicações sejam confirmadas, os suplentes tucanos João do Suco e Luiz Ernesto retornam à Câmara.

Deu em cinzas
Bastou Requião garantir a reeleição e a promessa de que renovaria os contratos dos jornalistas da TV Educativa por mais quatro anos virou pó. O prazo de validade da tchurma agora é de seis meses. E olhe lá.

Pra cucuia
Recém-filiado ao PMDB, o vereador José Roberto Sandoval sondou os tucanos Mário Celso Cunha, Rui Hara e Luiz Ernesto para reforçarem a bancada do partido. Ouviu não.

ARREMATE
O retorno da escolinha do professor Requião só reforça o provérbio. De fato, quem não sabe, ensina.

OBLADI-OBLADÁ
Os sinais de cartel nos postos de combustível são visíveis. Num passe de mágica, o litro da gasolina subiu para R$ 2,59 em todas as bombas da capital. *** Que o PMDB tire o cavalinho da chuva. A depender da bancada na Câmara, o partido continua alinhadíssimo com Beto Richa. *** O vice-prefeito Luciano Ducci não nega. Está de olho grande na presidência do PSDB curitibano. *** De “gordinho sinistro” a “ursinho carinhoso”. Eis o deputado petista André Vargas transmutado. Eis as voltas que o mundinho dá.
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