GUILHERME GENESTRETI SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Contrariando as expectativas, o filme “Pequeno Segredo”, dirigido por David Schürmann, desbancou “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, e irá representar o Brasil no Oscar. O anúncio foi feito na tarde desta segunda (12), na Cinemateca, em São Paulo. O representante brasileiro agora vai disputar por uma das cinco vagas na categoria com longas de outros países. A Alemanha, por exemplo, indicou a comédia “Toni Erdmann”, de Maren Ade, que foi elogiadíssimo em Cannes. Já “Julieta”, de Pedro Almodóvar, foi escolhido como o representante da Espanha. A Academia divulgará os cinco escolhidos na categoria no dia 24 de janeiro de 2017. A cerimônia está marcada para 26 de fevereiro. Inspirado na irmã adotiva do cineasta, Kat Schürmann, portadora do vírus HIV e morta em 2013, “Pequeno Segredo” narra história de uma órfã e três mulheres que compartilham um segredo que entrelaça as tramas isoladas em torno do destino da garota. O filme, que conta com Julia Lemmertz e Maria Flor no elenco, disputou a vaga com outros 15 títulos, incluindo “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, que era apontado como o favorito. A derrota de “Aquarius” para “Pequeno Segredo” agora deve reforçar as críticas que já existem no meio cinematográfico de que o filme de Kleber está sofrendo retaliações do governo Temer. Isso porque o longa estreou em Cannes, em maio, sob um ruidoso ato anti-impeachment encampado pela equipe do filme. A própria composição do comitê que escolheu o representante brasileiro nasceu sob polêmica, conforme antecipado pela Folha de S.Paulo. Instituída pelo Ministério da Cultura, a comissão teve entre seus nove membros o crítico Marcos Petrucelli, que já usou seus perfis em redes sociais para depreciar o protesto feito por Kleber em Cannes. Conforme aumentou a controvérsia, dois integrantes do comitê -o diretor Guilherme Fiúza Zenha e a atriz Ingra Lyberato- deixaram o posto e foram substituídos pelos cineastas Bruno Barreto e Carla Camurati. E três diretores desistiram de inscrever seus filmes em apoio ao longa de Kleber: Aly Muritiba (“Para Minha Amada Morta”), Anna Muylaert (“Mãe Só Há Uma”) e Gabriel Mascaro (“Boi Neon”). Petrucelli disse que sua contrariedade se limita às posições políticas do diretor e que isso não iria afetar seu julgamento na comissão. Outros membros também negaram partidarização. Secretário do Audiovisual, Alfredo Bertini, que chancelou os nomes da comissão, disse que a polêmica é infundada e que o processo de escolha de Petrucelli seguiu os trâmites normais e teve “transparência absoluta”.