Domingo, 7 de dzembro de 2014. Nesse dia, o último jogo de um dos mais cerebrais meias do futebol brasileiro: Alex. No gramado do Coritiba, clube que o revelou, ele pisou ontem pela última vez. Recebeu homenagens antes do jogo. Atuou em 86 dos 90 minutos regulamentares contra o Bahia, pela última rodada do Brasileirão. Saiu sem fazer gol, com o placar de 2 a 2 à mostra no Couto Pereira. Nos descontos, o jogador que o substituiu, Keirrison, fez o gol da vitória por 3 a 2, de virada. 

O gol da vitória fez com que uma pirâmide de jogadores se formasse em cima de… Alex, que a essa altura estava no banco de reservas — a julgar pelas reações durante todo o dia, foi o momento em que ele mais riu e sorriu. “Com o gol do Keirrison, fechamos o ano com uma vitória e uma festa linda que a torcida fez hoje”, disse o camisa 10 coxa-branca. Depois do jogo, ele deu uma volta olímpica e ouviu aplausos por muitos minutos. Quando o estádio estava já vazio, ele se sentou com o filho, no meio do gramado.

Aos 37 anos, Alex fez desses momentos os seus últimos como jogador profissional. “As dores são dores grandes. Tenho dificuldades físicas. Quem pratica esporte em alto nível entende isso. Chegou o momento”, disse ele, que ainda não sabe o que fará no futuro. “Ainda não tive tempo de absorver este sentimento de despedida. Vou sentir mais para frente. Hoje saio de férias”.

Mas por que tanta festa? O que faz um jogador ser ídolo como Alex?

Primeiro, a identificação com um clube. Ele sempre se declarou torcedor do Coritiba quando criança. Profissionalizou-se em 1995 e saiu em 1997, rumo ao Palmeiras. Quando anunciou que voltaria ao futebol brasileiro, em outubro de 2012, Palmeiras e Cruzeiro tentaram seduzi-lo. Mesmo assim, ele resolveu retornar ao Coritiba, que o revelou. Onde ganharia menos dinheiro e menos títulos. Voltou para onde queria. “A minha história me levou para o mundo. A minha intenção sempre foi de voltar para o Coritiba”, falou Alex, ontem. “Valeu a pena. Muitos não entendem por que voltei, mas valeu a pena. Encerrei da maneira que imaginei como seria”.

Segundo, a qualidade técnica. Alex tem 45 jogos pela seleção brasileira, conquistou alguns títulos e consolidou uma carreira com números superlativos: 1.035 partidas e 422 gols – mais que o argentino Maradona, por exemplo.

Terceiro, as conquistas. Alex foi campeão de títulos graúdos por onde passou. Levantou um combo Campeonato Mineiro-Copa do Brasil-Brasileirão pelo Cruzeiro. Faturou uma Copa do Brasil e uma Libertadores pelo Palmeiras. “Hoje agradeço a todos os clubes que participei. Este momento de agora é de agradecer ao futebol.

E no Coritiba? Pouco. Apenas um título estadual, em 2013. Para a torcida coxa-branca, que tanto o aplaudiu ontem, pouco importa. Os torcedores sabem que Alex foi importante para salvar o time do rebaixamento – um risco que só foi debelado de vez na penúltima rodada do Brasileirão. Por isso, fora a festa para Alex, o jogo não valia nada para o Coritiba. Valia para o Bahia, que lutava contra o rebaixamento e não teve a mesma sorte que os coxas-brancas. “O agradecimento de Robinho é especial. Eu digo que saio da mesa com fome, pode continuar um pouco mais, mas paro hoje”, finalizou Alex.