Curitiba ganha essa semana uma nova opção de espaço cênico, o Teatro Sol, que a reportagem foi conhecer em meio aos ajustes dos últimos detalhes para a inauguração, no início da semana. Chico Pennafiel se divide entre as funções de diretor e mestre de obras, lá. Após quatro anos afastados do cenário teatral, Chico, diretor, ator, autor e professor, retorna em grande estilo, inaugurando seu próprio teatro. É a realização de grandes sonhos: um espaço para colocar em cartaz as peças que escolhe e dar ao teatro a sua própria personalidade artística, além da possibilidade tão desejada de montar sua própria companhia. “Eu sentia que estava faltando algo no teatro para mim, como posso te explicar? É a sensação de plantar uma árvore cultivá-la e quando ela cresce e dá frutos você vai lá e corta, e aí planta uma nova árvore e faz todo o processo outra vez”, explica Pennafiel. Foi a metáfora usada para falar sobre montar todo um espetáculo, passar bom tempo trabalhando, construir cenários e, quando realmente a peça começa ganhar visibilidade e formas, é hora de sair de cartaz.  E por falar em metáforas ele continua a brincadeira: “Mas Curitiba agora tem Sol”.
A inauguração do espaço realizada apenas para convidados e imprensa, na última terça-feira, foi marcada por muitos risos com a presença de grandes nomes do humorismo paranaense: Diogo Portugal, Fábio Silvestre, Marco Zenni, Hélio Barbosa e Jully Mar. A presença de familiares, amigos de infância e de carreira entre os convidados contribuiu para lotar a casa e construir uma atmosfera intimista. Se depender do apoio deles, simpatia e o amor pela cultura do novo empreendedor, o espaço tem tudo para dar certo. Chico passou os últimos tempos dedicando-se ao cinema e  TV. Realizou curtas metragens, comerciais e dois longas, um pela Globo Filmes – 400 contra 1, que aborda histórias do comando vermelho, no qual atuou dirigido por Caco de Souza. A estreia está  prevista para dezembro desse ano.  No filme trash Desaparecidos, ele foi protagonista. A produção foi selecionada e exibida pelo Itaú Cultural em abril passado.   
Agora ele inicia uma nova fase da vida. Às suas qualificações se junta a de empresário do ramo cultural.  Após indicação de dois amigos sobre a existência de um bom espaço para teatro Pennafiel foi conhecer o local situado dentro da Associação Atlética do Banco do Brasil – AABB. Conta que percebeu no primeiro momento a grande capacidade estrutural do ambiente. Em conversa com a diretoria, selou a parceria. Com um investimento de aproximadamente R$120 mil e quatro meses de trabalho de revitalização e adaptação, o teatro já está pronto para receber os espetáculos e a agenda está quase cheia – o que não falta para a felicidade do administrador são produtores interessados no espaço.
O teatro tem capacidade para 238 pessoas, uma acústica excelente e um palco de 8,60m de largura x 6,10 m, pronto para receber eventos variados como peças de teatro, formaturas, apresentações de dança e de música.  A disposição das cadeiras e altura do palco proporciona uma excelente visibilidade eliminando as possibilidades de ponto cego.  Além da estrutura física o local abriga também uma nova escola de teatro. As aulas ministradas pelo próprio Chico e pelo ator Ade Zanardini já estão em andamento, com três turmas de iniciantes dividas por idade; e uma para alunos avançados, com atores profissionais que formarão em a companhia oficial do teatro.
O projeto está dando os primeiros passos e o ponto de partida é Nelson Rodrigues. A primeira idéia de Pennafiel era montar uma clássica tragédia Grega, Antígona. “Mas ainda nos exercícios com os atores as características do grupo apontaram para o trabalho de Nelson Rodrigues. Um dia sentamos para conversar e eu disse que estávamos resolvendo tudo de uma maneira muito rodriguiana, e daí veio a ideia de trabalhar o dramaturgo brasileiro: a aceitação foi unânime. Então começamos as pesquisas. Não sabemos o que exatamente vamos trabalhar, mas sabemos que é Nelson Rodrigues (risos), acho que não o escolhemos, fomos escolhidos por ele”.

O espetáculo de estreia também veio por acaso, não foi uma escolha planejada. Mas Chico Pennafiel confessa que não poderia ser melhor. “Muitos esperavam ver uma peça minha, mas tive que optar por arregaçar as mangas e cuidar da obra;  não dava tempo para trabalhar em uma peça. Joguei com a sorte e aí apareceu essa grande diretora interessada no espaço e a data coincidiu com a inauguração. Acabamos mais uma vez sendo escolhidos”, diz. Nos dias 22, 23 e 24 o Teatro Sol recebe a primeira peça, Analice em busca do homem perfeito, sucesso de público da Companhia Anjos Boêmios. É uma comédia interativa na qual  o público sobe ao palco para participar de situações típicas de um bar. Dirigida e estrelada por Vanessa Pampolini, conta sobre uma típica Curitibana que esnobou amores enquanto era jovem e, agora, uma mulher mais madura, busca o homem perfeito.
Nos dias 05, 06 e 07 o espaço recebe uma trilogia do diretor Rodrigo de Oliveira, Nosso lar, Os mensageiros e O farol, com textos adaptados dos livros de Chico Xavier. Com a marca de mais de 200.000 espectadores, em cartaz há mais de 7 anos,  as peças passaram por 8 estados brasileiros, levando as mensagens de paz e fraternidade de  Xavier. Com a agenda quase lotada para os  meses que virão, as próximas atrações do Sol são o espetáculo curitibano Nú Improviso e no final de junho, a peça infantil Teimosinho e Mandão, premiada com o troféu Gralha Azul como melhor espetáculo infantil e direção.
 
Serviço
Analice em busca do homem perfeito. R$30 e R$15. Dias 22 e 23 às 21h e 24 às 19h. Teatro Sol (Av. Victor Ferreira do Amaral, 771). Informações: (41) 3264-1111 / 3252-5762.