É encorajador constatar que um artista possa manter extrema liberdade criativa, tal como acontece há 60 anos com Domício Pedroso. Exemplo a ser seguido, uma vez que o artista nunca nestes anos todos fez concessões aos modismos artísticos. Assim, fiel a si mesmo, ele construiu uma sólida carreira fundamentada em seus pressupostos estéticos.

Para tanto, além da extrema dedicação e perseverança à sua linguagem artística no decorrer de seis décadas de atividade, ele declara que sua liberdade criadora provém da completa separação do Domício Pedroso artista do dirigente cultural. Pois Domício trabalhou – e muito – na elaboração e execução de projetos culturais.

Nascido em Curitiba, em 28 de dezembro de 1930, estudou no Colégio Belmiro César, e teve seu interesse despertado para as artes plásticas através de orientação do mestre Guido Viaro. Em 1948, ingressa na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e logo no ano seguinte recebe Menção Honrosa por uma aquarela, no Segundo Salão de Belas Artes do Clube Concórdia.

Forma-se em Pintura em 1952 e um ano depois ingressa no Curso de Engenharia da UFPR, ao mesmo tempo em que ganha o 2º Prêmio em Pintura no VI Salão de Belas Artes do Clube Concórdia. Era a confirmação de sua vocação artística.
Em 1957 vamos encontrar o artista cursando Relações Públicas na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

Apresenta em 1958 sua primeira exposição individual na Biblioteca Pública do Paraná, local em que eram realizados os salões oficiais e as mostras mais importantes na época.

Em 1959, já casado com Leyla e tendo nascido sua filha Lenora, a família instala-se em Paris, cidade na qual Domício manteve contato com os mais expressivos artistas de vanguarda. Ali, o artista mora até 1962 e se torna o primeiro brasileiro formado em técnicas audiovisuais nos Cursos Cinema e TV Educativos e Exposições – Meios Gráficos no Centre Áudio Visuel Saint Claud, com diploma homologado pela UNESCO. 

Ele também cursou Imprensa Contemporânea no Institut d’Etudes Politiques; Curso de TV Educativa – Produção no Institut Pédagogique National; Técnicas e Controle de Recepção no Service de Télevision Scolaire; Realização de Programas na Radiodifusion Télèvision Française; TV Circuito Fechado no Lycée Pilote de Sévres e Retornando ao Brasil, organiza o Centro Audiovisual para a Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Paraná, passando a ocupar o cargo de seu diretor. Voltando a circular no meio artístico nacional, Domício participa de inúmeros salões como a Bienal de São Paulo em 1972. Um ano depois é convidado por Karlos Rischbieter, Diretor Presidente do BADEP – Banco de Desenvolvimento do Paraná – para projetar o Salão de Exposições do Banco, permanecendo por dez anos como programador e curador das mostras ali realizadas. Em 1974, nasce sua segunda filha Daniela. Em 1981, assume o cargo de Coordenador do Escritório Regional da FUNARTE, em Curitiba. E, simultaneamente às suas atividades de coordenação, Domício nunca parou de pintar e continua a expor sua arte. Prova disso é que suas obras estão nos acervos de importantes museus como MAC/PR; Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, MASP, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, Museu da PUC/PR, Museu Oscar Niemeyer e Portland Art Museum, EUA. Juntamente com a exposição realizada na Galeria do Solar do Rosário, foi impresso um livro que tem como título o nome do artista, com textos de Maria Cecília Araújo de Noronha, Fernando Bini, Adalice Araújo e do sempre lembrado Aramis Millarch. (Rua Duque de Caxias, 4 Informações: 41 3225-6232).

E de acordo com Fernando Bini: “… Domício parte de uma figuração alusiva, nega toda a perspectiva e afirma a frontalidade da superfície pictórica… A sua poética vem do exercício dessa pesquisa formal, da reflexão do que é pintura e, assim, se torna um herdeiros dos impressionistas, na decomposição da luz e da cor, retendo a impressão do momento, os brilhos e os reflexos,transformados também através da herança cubista, da sua experiência diante do quadro e da certeza que a pintura é ato individual.”